quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E quando as pessoas nos são ingratas ? - André Lima

Mais uma vez estou encaminhando um texto interessante que recebi do terapeuta de EFT (Acupuntura Emocional Sem Agulhas), André Lima

De vez em quando surge esse tema em atendimentos de EFT e emails que recebo. Pessoas magoadas, desgostosas com a família, funcionários, parceiros ou com um mundo por considerarem que o ser humano em geral é ingrato. São casos onde as pessoas relatam que estão cansadas de ajudar os outros e ver que não vale a pena, pois acabam no final das contas não tendo reconhecimento. Muitas vezes acabam sendo desrespeitadas, traídas, ou abandonadas.

E por que será que isso acontece? Bem, quem passa pela experiência vai dizer que a culpa é do “ser humano”, alguns vão dizer que a humanidade não presta e outros vão falar que a natureza das pessoas é ingrata mesmo. Mas vamos analisar mais atentamente a questão.

Conheço muitas pessoas altruístas que não tem essa sensação de que  o mundo é ingrato, mesmo quando procuram ajudar os outros. Então certamente há uma forma diferente de sentir, agir e interpretar o mundo.
Existem formas diferentes de ajudar as pessoas. Diferentes tipos de sentimentos podem impulsionar alguém a ajudar. E dependendo do tipo de sentimento no qual a pessoa se sente motivada a agir, a ajuda vai gerar melhora nos relacionamentos ou irá causar problemas. Existem formas equivocadas de ajudar os outros. Vou explicar melhor.

Primeira forma equivocada: Quando ajudamos baseados na nossa necessidade em ajudar, sem que outro realmente queira ou solicite a ajuda.  Vemos alguém passando por uma dificuldade. Sabemos que há um caminho mais fácil ou temos condições de emprestar ou fazer algo que possa facilitar a vida da outra pessoa. Vendo essa situação, muitos vão ter um impulso de oferecer as soluções se colocando a disposição, pois sentem que um bom ser humano deve ser prestativo. Uns chegam a insistir em ajudar. O outro, que teoricamente precisa,  nunca busca a ajuda oferecida. O resultado é um sentimento de frustração daquele se ofereceu para ajudar.

Essa frustração ocorre por que o bom samaritano necessita de pessoas que precisam dele, para que ele possa se sentir importante. É ele quem tem uma necessidade emocional a ser preenchida e acaba tentando suprir essa carência de uma forma disfarçada, com uma fachada de altruísmo. O outro então está lhe negando a oportunidade de se sentir bem. Sendo assim muitos ficarão frustrados e outros até ficarão com raiva do terceiro que não quis ser ajudado.

Mas por que será que outro não quis a ajuda? Não temos como saber. As pessoas têm processos inconscientes que não há como descobrir. Não conseguimos entender nosso próprio comportamento, imagine se conseguiremos entender o de outras pessoas. Saber a razão não importa. O que importa é reconhecer que, tentar ajudar os outros baseado em uma necessidade própria de ter um vazio preenchido acaba em frustração.

Segunda forma equivocada: Ajudar para ser reconhecido.  Mesmo quando o outro aceita a ajuda, se o sentimento que move você a ajudar for a sua própria necessidade de ser reconhecido, haverá uma grande tendência que o outro não aproveite como você acha que deveria e não demonstrará gratidão como você esperava. Novamente o resultado é a frustração do bom samaritano. Isso ocorre em parte por que quem sente necessidade de ser reconhecido irá atrair mais situações onde essa necessidade vai reaparecer. O argumento que ouço de muitos é que elas ajudaram sem esperar nada em troca, nem mesmo o reconhecimento. Se isso fosse verdade, não ficariam magoadas nem tristes quando o outro não agisse conforme suas expectativas. Existe sempre nesses casos uma necessidade oculta em ser reconhecido que nem mesmo a pessoa está consciente. Mas essa necessidade sempre irá se revelar depois no relacionamento.

Terceira forma equivocada: Quando ajudamos com o sentimento de que outro não consegue se virar sozinho. Mais uma vez, é a nossa própria necessidade de sermos importantes.  As pessoas sempre conseguem dar um jeito em suas vidas, mesmo que esse jeito seja continuar com um sofrimento por tempo indeterminado. Mas elas precisam dessas dificuldades para o seu próprio crescimento.

Observe o seguinte mecanismo:  Uma criança que está aprendendo a comer sozinha mas que ainda se lambuza toda. O que acontece quando a mãe tenta ajudá-la a se alimentar? A criança fica zangada,  não quer ajuda. Ela deseja aprender sozinha com a dificuldade. E acabará aprendendo, desde que a mãe permita e não interfira tanto. A criança fica zangada por que a mãe está lhe tirando a oportunidade de crescimento.

Filhos de pais super protetores muitas vezes demonstram raiva e ingratidão quanto mais são “ajudados” pelos pais. Isso acontece por que inconscientemente estão sentindo que seus pais lhe tiram as oportunidades de aprendizado. Ainda que o filho aceite todas as ajudas oferecidas, esse sentimento de estar sendo prejudicado fica escondido e acaba de se manifestando de forma negativa no relacionamento.
 Vejo também esse mesmo processo ocorrer em a relação a outros parentes e pessoas que não são da família.

Então, sempre que a sua ajuda servir para tirar as dificuldades que o outro precisa para crescer o resultado será a falta de reconhecimento e a ingratidão. Mesmo que o outro aparentemente  aceite a ajuda. Inconscientemente ele está se sentindo prejudicado. A maior ajuda que ele precisa é que deixem ele passar pelas dificuldades. Mas nem ele mesmo sabe disso. Por isso, trata-se de um ato de amor para com o próximo deixar que ele enfrente seus desafios. Ainda que essa pessoa  peça  ajuda temos sempre que nos perguntar: Estamos ajudando essa pessoa a crescer com a nossa ajuda, ou estamos contribuindo para que ela fique estagnada? Há uma linha tênue. No reino animal, as mães sabem exatamente o quanto devem ajudar os filhotes e como ir gradativamente deixando com que eles se virem sozinhos.

Pessoas que conseguem ajudar na medida certa, sem prejudicar o crescimento de terceiros, e sem estar sendo guiadas pela própria carência interior em ser reconhecida, são sempre respeitadas e reconhecidas. O mais interessante é que elas não precisam do reconhecimento, mas ele acaba vindo mesmo assim, pois as pessoas vão se sentir gratas lá no fundo por terem sido verdadeiramente ajudadas em seu crescimento pessoal. Para verificar essa verdade, observe como os filhos tratam  pais que sabem dar limites e deixam que eles se virem e compare com o tratamento que os filhos super protegidos dão a seus pais.
Além de desvendar esse mecanismo, é importante limparmos com a EFT  os sentimentos de necessidade de reconhecimento e outras carências. Dissolvendo essa negatividade interior, nosso comportamento muda e passamos a sentir, sem precisar fazer esforço, qual a melhor forma de ajudar.

André Lima – http://www.eftbr.com.br/           (081) 8721-2534



   

               

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