quarta-feira, 9 de julho de 2014

Livros ganham parques, mas somem do metrô - Luiza Wolf


Depois do parque da Juventude, Villa-Lobos ganhará nova biblioteca: locação de livros nas estações do metrô deixou de existir por falta de patrocínio

Há quatro anos, o parque da Juventude, na zona norte da cidade, ganhou a Biblioteca de São Paulo (BSP). O projeto deu certo e abriu caminho para uma segunda unidade: a biblioteca Villa-Lobos será inaugurada no parque da zona oeste em meados de setembro.

No Villa-Lobos, a nova biblioteca ocupará um prédio que já existe no parque, ao lado do orquidário Ruth Cardoso. 

Com 4.000 m² e três andares, a biblioteca, assim como a sua percursora, será acessível a deficientes, com equipamentos como folheador de páginas (para pessoas com dificuldade motora) e conversor de texto para braille.

Parceria entre as secretarias do Meio Ambiente (que cedeu o espaço) e da Cultura, a biblioteca Villa-Lobos seguirá os moldes da BSP e terá atividades gratuitas como saraus, peças teatrais e oficinas. A novidade é que a programação será temática sobre meio ambiente, para estreitar a relação com o parque.

O objetivo é atrair pessoas que não leem livros com frequência. "As pessoas vão ao parque para um momento de lazer e encontram uma biblioteca lá. Ou seja, há uma quebra de estereótipo: os livros deixam de ser tão ligados ao estudo e às obrigações", diz Adriana Ferrari, coordenadora da BSP e da biblioteca Villa-Lobos.

A biblioteca Villa-Lobos dispõe de uma verba de R$ 4,7 milhões. "Temos que fazer com que os equipamentos e mobiliários caibam nesse orçamento. O custeio para que a biblioteca se mantenha aberta já é outra história", diz Ferrari.

Fim da linha

O projeto Embarque na Leitura, que levava espaços gratuitos de empréstimo de livros a estações do metrô, encerrou as atividades em dezembro de 2013.

A unidade da estação Paraíso, das linhas 2-verde e 1-azul, a primeira ia ser aberta e a última a fechar as portas, ficou ativa por nove anos. Coordenados pelo IBL (Instituto Brasil Leitor), os espaços fecharam por falta de patrocínio.

Apesar da popularidade - segundo o IBL, o Embarque na Leitura da Paraíso tinha mais de 22 mil sócios - o projeto não atraiu o interesse de órgãos públicos e deixou de ser um investimento para empresas privadas.

"O problema é que a leitura não é considerada um valor na sociedade brasileira. Na esfera política, há outros interesses, sempre maiores", diz Ivani Nacked, diretora do IBL. O Embarque na Leitura da estação Paraíso funcionou por mais de um ano sem apoio privado. Mas, na ausência de novos patrocinadores, ficou impossível mantê-lo.

De acordo com Gustavo Gouveia, coordenador da rede de bibliotecas do IBL, a ideia é trazer o projeto de volta, em terminais de ônibus como o Sacomã. "Mas antes nós precisamos atrair o interesse do público e financiadores."



(texto publicado no encarte São Paulo da Folha de São Paulo - 20 a 26 de abril de 2014)




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