Quem reprime sentimentos negativos está condenado a sofrer de dores crônicas. A saída não é simples, mas conhecer-se melhor, meditar e relaxar são os caminhos para administrar a ira
A cabeça está sempre fervendo, o ódio toma conta do corpo e a raiva, engolida, tem "parada obrigatória" no fígado. Quem se encaixa nesse perfil deve ficar atento, porque pesquisadores americanos concluíram que essas emoções negativas provocam dores insuportáveis e chegam até a causar doenças do coração.
O sexo masculino é o que mai sofre. Pelo menos é o que comprovou a investigação feita por Robert Kerns, professor de Psicologia e Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, com 142 pessoas: 80% eram homens e, desses, 57% tinham dores nas costas, artrite ,enxaqueca e tendinite. Para aliviar o mal-estar, 62% dos pesquisados estavam viciados em remédios.
"Pessoas que reprimem emoções negativas, em especial a raiva, inibem a produção de opióides, como as endorfinas, e aumentam a sensibilidade à dor. Os opióides são estimulantes naturais, cuja ação é analgésica e antidepressiva", diz Kerns.
O corpo responde à raiva acionando a mesma cadeia de reações ativadas pelo stress e pelo perigo. Quando ameaçado, o corpo é inundado por adrenalina. O coração, então, bate mais rápido, as artérias se dilatam, a circulação e a pressão aumentam, os músculos ficam tensos.
Esse conjunto de reações acaba detonando efeitos colaterais. "As constantes descargas de adrenalina e o aumento da pressão danificam artérias e coração", afirma Redford Williams, diretor do Centro de Pesquisa de Medicina do Comportamento da Duke University e autor do livro Anger Kills (A Raiva Mata).
Não ficar irritado é antinatural. Mas reprimir sentimentos negativos ou descarregá-los sem bom senso significa um alto custo físico e psicológico. Pesquisadores americanos sugerem que não se veja apenas o lado negativo das situações. E recomendam que se recorra à psicoterapia, ao biofeedback (técnica que conduz ao relaxamento muscular), à auto-hipnose e à meditação para readquirir a calma.
(texto publicado na revista Mais Vida nº 13 - janeiro de 1997)
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