terça-feira, 10 de maio de 2016

Laudato Sì e o cuidado da casa comum - Cyntia Regiane, noviça


A vida pede socorro, e devemos ouvir este apelo. Se pudéssemos resumir a profunda mensagem enviada a todos os habitantes de nosso mundo pelo Papa Francisco através da encíclica Laudato Sì, estaríamos satisfeitos com essa singela frase. Assim como essas poucas palavras que acabamos de evocar, a encíclica carrega a denúncia da catástrofe que assola o nosso planeta, a dor de parto que a biodiversidade e a nossa sociedade sentem diuturnamente como consequência de um sistema que fez da criação divina mero objeto de consumo. Dos minérios à vegetação, do gado ao homem, tudo se transformou em coisa que deve ser usada por aqueles que se julgam donos do destino da criação do Pai, e descartada quando não tiver mais nenhuma serventia. O Papa Francisco convoca não somente os cristãos, mas a todos, a cuidarem do que chamou de "a nossa casa comum", a se posicionarem e a se oporem ao consumismo inconsequente, assumindo o exemplo de São Francisco de Assis, o grande amante da vida, aquele que optou por louvar a Deus, louvando a Sua divina criação.

Segundo o Santo Padre pecamos contra a criação porque nos vemos como seus donos. Em suas palavras, nós "crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la (...) Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que "geme e sofre as dores do parto" (Rm 8,22). Esquecemos-nos de que nós mesmos somos terra" (cf. Gn 2,7).

Lembrando São João Paulo II, afirmou ainda que o homem deve fazer mudanças profundas "nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades"; e citando Bento XVI clamou para que eliminemos "as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente". Como podemos notar, Francisco pede para que todos se posicionem em favor da vida, e não do consumo; em ser, e não em ter.

E qual seria o modelo a ser seguido? O Papa apela para São Francisco de Assis, "o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade". O Santo que não amava apenas aos pobres, mas amava também toda a criação de Deus. Que vivia em harmonia com todos os seus irmãos: homens, plantas e animais. Tamanho era o seu amor que, segundo o Papa, "nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenho na sociedade e a paz interior".

São Francisco de Assis, que nós cristãos possamos assumir a luta, intercedendo pela criação.

São Francisco,  rogai por nós!


(texto publicado na revista Ami, Jesus, Senhor e Salvador! nº 31 - ano 3 - abril de 2016)

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