quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Paulistano Nota Dez: Felipe Ventura - Aretha Yarak


Nome: Felipe Ventura
Profissão: publicitário
Atitude transformadora: distribui cofres em escolas e empresas para recolher doações a crianças com deficiência

Aos 8 anos, Felipe Ventura começou a doar suas economias à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). "Decidi entregar minhas moedas pessoalmente no Teleton", conta. Na ocasião, um sábado chuvoso de 1999, o garoto convenceu os pais a levá-lo à sede do SBT para participar da maratona de arrecadação de dinheiro. "Acabei entrando no palco ao vivo para depositar meu cofrinho do Mickey. Foi incrível", relembra. Ele volta anualmente ao programa desde então e, em 2001, aumentou seu envolvimento com a instituição depois de enfrentar um problema de saúde. Durante uma brincadeira com as primas, levou um tombo e deslocou uma das vértebras da coluna. Passou os seis meses seguintes em uma cadeira de rodas, sem saber se voltaria a andar. "Parei de sentir as pernas", diz. "Todas as situações chatas e embaraçosas pelas quais passei nesse período me deram mais motivação para ajudar a AACD."

Hoje, com 24 anos e formado em publicidade, Ventura entrega sua cota pessoal de auxílio reforçada por doações de familiares, amigos e clientes. Calcula ter angariado cerca de 200 000 reais dessa forma desde a infância. Só no ano passado teriam sido quase 32 000 reais, ou 300 quilos de moedas. Graças ao empenho do rapaz, a AACD o convidou, em 2004, para comandar o projeto Corrente do Bem. Como voluntário oficial da instituição, ele vai a escolas, universidades e empresas da Grande São Paulo para contar sua própria história e a do hospital. Em 2015, tem visitas agendadas a colégios de cinco estados. Nesses encontros também distribui pequenos cofres, para estimular outros a contribuir. Em uma década de atuação no cargo, calcula ter arrecadado cerca de 3,5 milhões de reais. A verba é usada para financiar os atendimentos da AACD via SUS. "Não é preciso muito para mudar o mundo, cabe na realidade de cada pessoa", afirma Ventura. "Sinto orgulho do que faço, nasci em berço privilegiado e tenho a obrigação de ajudar quem precisa."


(texto publicado na revista Veja São Paulo de 29 de abril de 2015)

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