quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Paulistano Nota Dez: Tiago Camilo - Adriana Farias


Nome: Tiago Camilo
Profissão: atleta
Atitude transformadora: mantém uma escola de judô na favela de Paraisópolis para crianças carentes

Tiago Camilo, de 33 anos, é um dos maiores craques do judô brasileiro. Em Toronto, no Canadá, ganhou recentemente a sua terceira medalha de ouro em Pan-Americanos. O currículo esportivo do rapaz inclui conquistas ainda maiores, como medalhas de prata e bronze na Olimpíada de Sydney (2000) e na de Pequim (2008), respectivamente. A experiência e a ótima forma atual o colocam entre as principais esperanças de pódio nacional nos Jogos do Rio, em 2016. Nascido em Tupã, a 514 quilômetros da capital, Tiago estreou nos tatames aos 5 anos. O incentivo e o apoio financeiro do pai, proprietário de um cartório na cidade, foram fundamentais para o seu desenvolvimento. "Sei que represento uma exceção, pois muita gente possui talento e não tem nenhum apoio", afirma o atleta. "Como o esporte é uma ferramenta de transformação muito grande na vida de uma pessoa, decidi ajudar quem precisa."

Em 2012, o campeão criou uma ONG para ensinar a modalidade e aproximadamente 200 crianças e adolescentes de 6 a 16 anos no Centro Educacional Unificado (CEU) da favela de Paraisópolis, na Zona Sul. "Eles aprendem a ser também atletas na vida, ou seja, a ter  boa conduta na escola e dentro de casa", diz o judoca. Os pupilos são jovens de baixa renda que sofrem com problemas como desestrutura no lar e familiares dependentes de álcool e drogas. Para frequentarem a atividade, precisam apresentar o boletim escolar e mostrar que estão melhorando as notas. "Um dos garotos de 16 anos pediu para mudar de turno no colégio para poder ficar o dia inteiro no projeto e não nas ruas", afirma Raphael Moura, de 31 anos, coordenador da ONG. A entidade conta ainda com um estagiário e três professores, entre eles Eduardo Kitadai, pai do também campeão de judô Felipe Kitadai. Tiago encarrega-se da administração e só eventualmente dá aulas aos alunos.

O projeto tem um orçamento anual de 280 000 reais, bancado pela empresa de telefonia Oi. Neste mês, ele vai ganhar uma "filial" no CEU Parque Bristol, também na Zona Sul. Outros 200 aprendizes devem se beneficiar da empreitada, ainda sem patrocinador definido. Para atividades extras, como viagens a competições e passeios culturais nos fins de semana. Tiago conta com a ajuda de vinte padrinhos, que doam mensalmente até 60 reais. Entre eles estão os também judocas da seleção Charles Chibana e Davi Moura.


(texto publicado na revista Veja São Paulo de 5 de agosto de 2015)

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