quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Paulistanos Nota Dez: Ari Weinfeld e Nina Valentini - Felipe Neves


Nomes: Ari Weinfeld e Nina Valentini
Profissões: economista e administradora pública
Atitude transformadora: arrecadam doações por meio de compras realizadas no varejo

Para o economista Ari Weinfeld e a administradora pública Nina Valentini, o brasileiro gosta de doar, só não sabe como fazer isso. Com o objetivo de facilitar a boa ação dos generosos naturalmente dispostos a pôr a mão no bolso, os dois criaram, no começo do ano passado, o Movimento Arredondar. A iniciativa tem funcionamento curioso. A cada compra no varejo em que o preço resulta em números quebrados, como 38,76 reais, o consumidor recebe uma proposta para "inteirar" o valor (no caso, por exemplo, até 39 reais). Esses trocados a mais são encaminhados a ONGs inscritas no projeto - em farmácias e supermercados, a média de doações por compra gira em torno de 42 centavos. Vinte redes, como o restaurante Spoleto e as grifes Marisol e Track&Field, permitem que suas contas sejam arredondadas em prol da caridade. Em operação há onze meses, a iniciativa angariou cerca de 70 000 reais. Esse montante foi repassado a organizações como o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), que no ano passado plantou 744 árvores com recursos disponibilizados por clientes da loja de roupas Luigi Bertolli.

Os critérios de seleção das ONGs beneficiadas são rígidos. É preciso se inscrever em um edital público que exige a ausência de mantenedores fixos, conexões partidárias ou ligações religiosas. Uma equipe técnica também analisa a gestão interna para assegurar a lisura das contas. Depois de a instituição ser aprovada, há regras para receber os recursos: as transferências não podem ser superiores a 150 000 reais nem ultrapassar um teto máximo de 10% do total gasto pela própria organização no ano anterior. Com seis pessoas trabalhando em uma sede no bairro de Pinheiros, o Arredondar se mantém com as mesmas doações: retira 10% do valor arrecadado para bancar os custos internos. O objetivo é amealhar 6 milhões de reais por ano até 2016 com o projeto. "É ótimo ser a ponte entre quem deseja contribuir e quem precisa receber", afirma Weinfeld. "Democratizar a filantropia é um anseio de todos, é impossível não dar certo."


(texto publicado na revista Veja São Paulo de 8 de abril de 2015)

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