quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A diferença entre sentir pena e sentir compaixão - André Lima

Estou postando mais um tema interessante que recebi do André Lima, terapeuta de EFT (Acupuntura Emocional sem Agulhas).

Frequentemente as pessoas me perguntam sobre esses dois sentimentos e qual seria a diferença entre eles. Já escrevi anteriormente sobre esse tema, mas não custa esclarecer novamente.Primeiro vou explicar sobre a pena. Vemos alguém passando por algum tipo de situação difícil e isso acaba nos despertando uma sensação de sofrimento. Ao nos colocarmos no lugar do outro geramos dentro de nós um sentimento misto de tristeza e vontade de ajudar, somado ainda  às vezes ao sentimento de impotência por não podermos fazer nada.


O sentimento de pena pode acabar nos levando a tomar decisões equivocadas que atrapalham o crescimento do ser humano. Vou exemplificar. Atendi um senhor dono de uma empresa que precisava realizar algumas demissões para que a firma pudesse sobreviver e crescer. Ele vinha procrastinando essa decisão. Durante a sessão, a razão pela qual era tão difícil por em prática o que tinha que ser feito veio a tona rapidamente. Só de pensar em realizar as demissões surgia um intenso sentimento de pena acompanhado de pensamentos como "o que vai ser dessas pessoas..., como elas vão se virar depois..., tem fulano que é muito humilde...". Ao mesmo tempo, racionalmente ele sabia que não havia outra decisão a ser tomada, pois a manutenção daquelas pessoas comprometeria a empresa como um todo.


Ao realizarmos a aplicação da EFT, logo surgiram causas mais profundas que estavam alimentando a aquele sentimento de pena. Ele lembrou de um evento do passado onde o pai dele trabalhou com afinco em uma empresa e a mesma faliu, fazendo com que toda a família passasse uma época de tristeza. Depois surgiu mais uma lembrança onde o pai abriu uma firma com um sócio e a mesma veio também a falir.


Limpamos profundamente com a EFT todos os sentimentos que brotaram desses eventos: pena do pai, sentimento de impotência por não poder ajudar, tristeza e etc. Depois dessa limpeza pedi que ele pensasse novamente na situação da demissão dos funcionários. Os sentimentos de pena e tristeza em ter que fazer isso haviam diminuído consideravelmente. Isso ocorreu por que não havia mais a carga emocional inconsciente do passado. Trabalhamos mais até que ele sentiu que estava pronto para fazer o que tinha que ser feito, sem precisar mais adiar.


O sentimento de pena frequentemente esconde também uma culpa. Nesse caso que atendi, ele se sentia culpado em causar nos funcionários e suas famílias o mesmo sofrimento que seu pai e sua família haviam vivido no passado. Ver alguém em sofrimento pode nos despertar o sentimento de culpa, inconscientemente, por estarmos bem enquanto o outro não. Sendo assim nos colocamos imediatamente em sofrimento através do sentimento de pena.


Outro aspecto que também fica escondido por trás da pena, é o sentimento de que os outros não são capazes o suficiente para dar um jeito em seus problemas, que não são capazes de superar as adversidades e que por isso precisam da nossa ajuda. Isso nos trás uma sensação de que somos muito importantes. Acabamos então por alimentar uma situação de dependência onde ajudamos o outro não para vê-lo crescer e ficar independente, e sim para que a gente se sinta importante. Inconscientemente ficam as duas parte sabotando o crescimento um do outro nessa relação co-dependente.


Vou exemplificar melhor. No caso em que relatei, a pena que o empresário sentia era um sinal de que ele não confiava que cada funcionário que seria demitido teria a capacidade de se reerguer. Lá no fundo isso trazia para ele a sensação de ser muito importante. Como se o ego dissesse "essas pessoas precisam de mim e não conseguem se virar sozinhas." Logicamente isso é falso. Por mais difícil que seja uma situação, todos tem a capacidade de dar a volta por cima. Todos eles poderiam perfeitamente encontrar até um trabalho melhor.


Se temos plena confiança que as pessoas são capazes ou que tem o seu potencial, vamos fazer o que tem que ser feito, como por exemplo: demitir um funcionário; acabar um relacionamento; não emprestar um dinheiro a alguém; parar de fazer tudo pelos filhos... Deixamos que cada um siga o seu caminho. Mesmo sabendo que as pessoas vão passar um determinado sofrimento, entendemos que isso é parte do seu crescimento. A não fazer o que tem que ser feito atrasamos o aprendizado do outro.


O que parece ser um ato de bondade e generosidade acaba sendo na verdade um ato egoísta pois a suposta ajuda apenas alimenta o nosso ego e acaba impedindo o outro de crescer. Certa vez um aluno falou pra mim que ele ouviu de um amigo que a pior coisa para o protegido é o protetor. Ele falava isso admitindo que seu excesso de proteção e ajuda para com sua esposa alimentava a dependência dela e a impedia de crescer. Ela, por uma séria de questões emocionais negativas, buscava alguém que suprisse um papel de pai protetor. Já não era mais criança e precisava na verdade crescer enfrentando a vida. Ele cumpria o papel do protetor excessivamente, para se sentir importante, e com isso impedia que ela crescesse.


Em casos como esses é muito comum que uma separação possa ajudar os dois a crescer, já que a relação doente que alimenta a dependência mútua seria desfeita. A não ser que ela encontrasse novamente um outro protetor (ela terá uma forte tendência a ir buscar um) e ele busque suprir a necessidade de sentir importante buscando outra protegida.


Já o sentimento de compaixão é completamente desprovido de qualquer tipo de culpa, tristeza pelo outro, impotência, dependência. Também não há o sentimento de que o outro não é capaz de superar as dificuldades. A compaixão é então desprovida de negatividade. Ela brota lá do fundo da nossa essência e vem acompanhada por uma paz interior. Nesse estado iremos reconhecer o sofrimento de outra pessoa mas sem nos arrastar para sofrer junto com ela. Entenderemos que aquilo faz parte do seu aprendizado e que ela tem capacidade para superar.


Em alguns casos será possível oferecer alguma ajuda. Quando a ajuda é baseada pela compaixão, ela será verdadeira e trará o real crescimento do outro, pois nossa ação não estará mais contaminada com a necessidade de ser importante que causa dependência. Em outros casos não teremos como ajudar o outro. Ainda assim ficaremos em paz, não haverá a sensação de impotência.


Sempre que alguém está sentindo pena ou culpa pela situação de outra pessoa, seja quem for, eu procuro aplicar EFT até dissolver completamente esses sentimentos. Brota então a compaixão. Assim a pessoa consegue agir da melhor forma possível tomando as atitudes que devem ser tomadas: colocar limites nos filhos, deixar que as pessoas se virem sozinhas, demitir alguém da empresa , ajudar na medida adequada e etc...


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Abraços,
Andre Lima - www.eftbr.com.br

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