quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sob cuidados especiais


Escolher alguém para tomar conta do idoso que precisa de atenção não é fácil. Aqui, listamos algumas dicas para você não errar nessa missão

Estimativas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil pode quadruplicar até o ano de 2060, passando das 14,9 milhões registradas em 2013 para 58,4 milhões. Embora isso seja um sinal de que o brasileiro está vivendo mais, sabe-se que a incidência de quadros degenerativos, como o Alzheimer, por exemplo, está aumentando, bem como os casos de doenças crônicas - associadas a um estilo de vida sedentário e caracterizado pela má alimentação. E quem tem algum familiar que sofre com algum desses problemas (ou com idade mais avançada, que necessite de atenção especial) pode precisar de profissionais especializados em dar assistência doméstica a pessoas dessa faixa etária. "Dizem que o cuidador de idosos é a profissão do futuro. Na verdade, penso que ela é do presente, pois a demanda já é muito alta", afirma Jorge Roberto Afonso de Souza Silva, presidente da Associação de Cuidadores de Idosos de Minas Gerais. A terapeuta ocupacional e especialista em gerontologia da Associação de Cuidadores de idosos da Região Metropolitana de São Paulo, Marília Sanches, comenta que o grupo que mais cresce é o dos indivíduos com 80 anos ou mais.

Quando é a hora de contratar?

É comum que algumas famílias afirmem que jamais pagariam alguém de fora para auxiliar um parente que necessite de cuidados - seja em casa ou em um hospital. Muitas delas consideram o ato impessoal ou insensível demais. Outras temem que o profissional maltrate o idoso ou aja com negligência. Porém, imagine um núcleo familiar formado por um casal que trabalha durante o dia e duas crianças. Um dia, os pais são surpreendidos com a notícia de que um tio próximo sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) e ficou com sequelas. Como abrir mão do emprego para prestar auxílio constante ao paciente - já que as  crianças também carecem de tempo e atenção? E mesmo se pudessem, estariam eles preparados? Já quando a família é numerosa, as tarefas devem ser divididas para que não sobrecarregue ninguém. "Em geral, quem acaba assumindo tudo é a mulher solteira, sem filhos e que não trabalha", conta Jorge. "No entanto, ela também tem o seu limite. Se não dividir as tarefas, corre o risco de esgotar-se facilmente, ficar ríspida com o idoso ou até mesmo cometer erros na hora de dar os medicamentos a ele", diz. Nesses casos, admitir um cuidador pode ser a solução. A psicóloga Margherita de Cassia Mizan (SP) explica que esse profissional deve entrar em ação quando o indivíduo tem dificuldade de gerenciar autocuidado e higiene pessoal. "Além disso, o cuidador pode fazer companhia para o idoso que se sente isolado, dando suporte afetivo e emocional a ele", finaliza.

Pré-requisitos

Recomenda-se a contratação de cuidadores com pelo menos um curso voltado ao atendimento da terceira idade no currículo. Esse tipo de formação normalmente aborda os múltiplos aspectos do envelhecimento - o corpo docente é formado por enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros especialistas da área da saúde. Aulas práticas completam a grade curricular, tornando os alunos mais aptos a atenderem esse tipo de paciente tão complexo. "Porém, o amor é o ponto principal. Acima de tudo, o idoso necessita de carinho, atenção e de muita paciência, sempre", ressalta Marília.

De olho no perfil

Se o idoso é...

Apático - Se a causa é uma patologia, ele necessita de alguém extrovertido e alegre, que crie alternativas para que ele saia deste estado.

Depressivo - Tal condição pode derivar de outro quadro clínico (como um AVC) e se manifesta na forma de irritabilidade e impaciência. Quem cuida não pode ter depressão e deve saber respeitar a condição do idoso.

Agressivo - Esse tópico refere-se a indivíduos com distúrbios psiquiátricos. O cuidador precisa ter autocontrole, ser muito observador (para ser capaz de compreender o que leva o outro a se irritar) e saber desviar o comportamento agressivo.

Acamado (doente de cama) - Nesse caso, profissionais muito velhos ou com debilidades físicas não são recomendados, pois o paciente deverá ser carregado com segurança. Hiperativos não são os mais adequados: eles geram angústia naquele que está em repouso.



(texto publicado na revista 7 Dias com você nº 575 - 25 de junho de 2014)








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