quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Rosácea, infelizmente ainda não tem cura, mas sabemos como controlá-la - Dra. Sabrina Talarico


O traço básico dessa doença inflamatória crônica de pele é vermelhidão nas bochechas, testa, nariz e queixo, com a presença de grande número de pequenos vasos sanguíneos. Ela pode se manifestar em homens e mulheres de qualquer idade, mas é mais frequente na mulher de pele clara dos 30 aos 50 anos de idade. Felizmente não mata, mas prejudica bastante a autoestima.

A rosácea é uma doença inflamatória crônica da pele. Tem uma forma "clássica" e três variantes, também comuns. Elas podem tanto ocorrer em sequência como se manifestar isoladamente.

A primeira forma, chamada eritematotelangiectásica, se caracteriza pelo surgimento de vermelhidão de intensidade variável, com grande número de pequenos vasos sanguíneos, em geral nas áreas côncavas das faces, ou seja, nas bochechas, testa, nariz e queixo. A vermelhidão pode se tornar mais intensa quando o portador toma sol, fica estressado, consome alimentos apimentados, se expõe ao frio ou ao calor. O doente pode apresentar ainda ardor, coceira e aumento da sensibilidade.

A segunda forma de apresentação é a clássica, chamada pápulo-pustulosa. O nome vem do fato de surgirem sobre a vermelhidão bolinhas vermelhas (pápulas) e bolinhas vermelhas com um ponto central amarelado semelhantes às espinhas (pústulas).

Já a terceira é chamada fimatosa. Nela ocorre grande proliferação das glândulas sebáceas, o que leva ao espessamento da pele, com pápulas e pústulas bem maiores e aumento de volume. O nariz fica deformado, parecendo uma "batata" vermelha.

A quarta apresentação é o comprometimento ocular, que pode estar presente em todas as formas. Consiste em inflamação das pálpebras, conjuntivite (em que os olhos ficam vermelhos) e ceratite (inflamação da córnea). O portador apresenta secura ocular, vermelhidão e sensação de que tem areia no olho.

Não há estatística sobre a prevalência da rosácea no Brasil, mas está entre as cinco queixas mais comuns nos consultórios de dermatologia. Nos Estados Unidos, calcula-se que atinja 10% da população. Pode se manifestar em homens e mulheres de qualquer idade. Mas é mais frequente nas mulheres de pele clara entre de 30 a 50 anos. Mas no homem geralmente a doença é mais grave.

Ainda não se sabe a causa da rosácea. Sabe-se que há muitas substâncias inflamatórias envolvidas e que existe um desbalanço neurovascular causando a dilatação e a proliferação dos vasinhos na pele, mas não se descobriu como esses fatores desencadeiam a rosácea. Existem fortes indícios de que haja uma predisposição genética.

A rosácea não é fatal e se pode passar a vida toda com ela. Mas, sobretudo hoje, quando se valoriza muito a aparência, abala a autoestima. Os portadores se sentem incomodados com os sintomas e também com a aparência, o que interfere bastante na sua qualidade de vida.

O ideal é evitar os fatores que agravam a rosácea. Pode-se fazer isso usando protetor solar diariamente, evitando consumir alimentos apimentados, controlando o estresse e não se expondo ao sol nem a frio intenso.

Pessoas que desconfiem que sejam portadoras e não se tratam precisam consultar logo um dermatologista credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Boa alternativa no serviço público de saúde são os Departamentos de Dermatologia das Faculdades de Medicina Federais e Estaduais existentes nas capitais e em cidades grandes. Como disse, rosácea ainda não tem cura, mas podermos "disfarçá-la" com cosméticos e também tratar com eficácia, aumentando o espaço de tempo entre as eventuais recidivas.




(texto publicado na revista Caras edição 1074 - ano 21 - nº 23 - 6 de junho de 2014)






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