Demorou para o homem ter um dia de folga que não fosse religioso
Não é de hoje que dedicamos certos dias do calendário a homenagens. Na Roma antiga, já havia feriados religiosos como os conhecemos hoje. Divindades como Vênus eram celebradas em procissões e jogos de gladiadores. Romanos importantes, próximos ao império, também ofereciam festas particulares nesses dias, convidando pessoas do seu círculo de amizade para um banquete - que normalmente terminava em orgia. "No entanto, isso era uma manifestação às divindades, especialmente a deuses como Dionísio, que simbolizavam um desregramento", explica Pedro Paulo Funari, historiador da Unicamp que mantém um blog semanal sobre curiosidades da Roma antiga no site de História.
Na Antiguidade, havia apenas os feriados religiosos para quebrar a rotina da sociedade. Mesmo os dias que honravam imperadores (somente depois de mortos) eram buscados no divino. Só em 1789 surgiu o primeiro feriado civil. O dia 14 de julho, data da queda da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa, é comemorado desde então como dia nacional do país. Mas os feriados laicos só ganharam força 100 anos depois, devido às sucessivas lutas operárias e à solidificação da classe média. A Revolução Industrial, durante um século, obrigara homens, mulheres e crianças a passar até 16 horas trabalhando por baixos salários, sem folgas e fins de semana. As sucessivas rebeliões ocorridas em diversos países no fim do século 19 acabaram por originar o Dia do Trabalhador, comemorado em muitos países no 1º de maio, dia em que, em 1886, a cidade de Chicago, nos Estados Unidos, parou por causa de uma greve geral.
O Brasil, que tem 12 feriados nacionais, é palco de rixas e picuinhas entre os estados acerca do ócio de seus habitantes. Há paulistas que dizem que no Rio há mais dias de folga, enquanto a Bahia é alvo nacional desse tipo de provocação. Todos os três têm, na verdade, apenas um feriado estadual. O estado que tem mais datas comemorativas é o Acre, com quatro.
(texto publicado na revista Aventuras na História edição 51 - novembro de 2007)
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