A concepção tradicional de ensino sempre foi uma espécie de taxidermia. O que é isso? Taxidermia é a arte de empalhar animais. Enchia-se um animal morto, colocavam-se olhos de vidro e ele aparentava estar vivo. Os professores tradicionais faziam algo similar: empalhavam o saber, davam aparência de vida e apresentavam aos alunos.
O grande desafio do passado era como passar o conhecimento acumulado da humanidade para que o aluno pudesse enfrentar bem suas funções profissionais e sociais. Educar era empalhar e apresentar como vivo. Os livros eram a fonte, a aula o método e a identificação o verbo principal de avaliação.
O mundo mudou de forma estrutural. O saber fica datado não mais em 50 a 1000 anos, mas em poucos meses. As gerações de conhecimento são rápidas. Educar para o futuro é deixar de lado o taxidermista e despertar a vida em transformação. Não era ruim a educação tradicional, apenas era adequada a um mundo que não existe mais. Servia bem, como um dia serviu o telégrafo ou o trem a vapor.
Hoje, preparamos alunos para aprender, mais do que para repetir. Damos ferramentas de busca mais do que respostas prontas. Hoje, despertamos a curiosidade para que ele enfrente um mundo para o qual, nem ele nem nós, temos consciência de como será.
Assim, ao invés de um conceito fixo, trabalhamos com o processo de selecionar, reorganizar, criticar e restabelecer o conhecimento. Ensinamos a aprender.
É um desafio, porque nós professores não fomos treinados para isso. Mas é uma aventura fascinante, pois além de proporcionar uma educação mais orgânica, tem o poder de desinstalar também as nossas convicções como educadores.
Educar, hoje, é criar, muito mais do que empalhar. Ao invés do animal que pareça vivo, mostramos a vida pulsante e inquieta. Para isso, nós, educadores do século XXI, temos de abandonar várias certezas. Haverá algo mais fascinante do que aprender a criar, em lugar de somente repetir?
(texto publicado na revista The Bear - A revista das escolas Maple Bear nº 8)
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