terça-feira, 30 de setembro de 2014

Diário de vida do Fumaça


Vamos começar com a minha biografia. O meu nome é Fumaça. Sou um cão SRD (Sem Raça Definida) ou como sou comumente chamado, um vira-lata. Os meus primeiros anos de vida não foram lá muito fáceis. Apesar de eu fazer de tudo para conquistar um potencial humano que pudesse tomar conta de mim, não fui bem sucedido na primeira tentativa. O máximo que consegui foi um cantinho em uma garagem, mas os donos não me alimentavam e com o tempo fui ficando fraco e perdi também os pelos, ficando com o couro em carne viva em algumas partes. Quando eu caminhava pelas ruas as pessoas me atiravam pedras e uma delas acabou atingindo a minha pata traseira e comecei a andar com dificuldade e a mancar. Na verdade nem posso culpar os humanos, pois sou um tremendo de um rabugento. Mas em compensação uma de minhas melhores qualidades é a persistência. Vou continuar procurando um humano que me aceite como eu sou. Foi pensando assim que entrei em uma outra garagem para me proteger da chuva e do frio e também para descansar a minha pata que estava sangrando. Eu estava me acomodando quando ouvi a voz de um senhor que estava me mandando sair dali. Como eu não me mexia, ele me jogou um balde de água bem gelada. Comecei a chorar, mas não fui embora. E toda noite quando ele chegava do trabalho me batia com o sapato, mas continuei firme ali apesar do sofrimento. Até que um dia ele me trouxe uma coxinha e uma vasilha com água. Senti a esperança voltar ao meu coração canino. 

O meu amigo humano que se chama David Félix começou a me alimentar com as sobras das refeições e um certo dia apareceu com uma humana vestida toda de branco que me deu uma injeção muito doída. Será que era para me fazer dormir para sempre? Mas ao contrário do que pensei, a injeção serviu para me curar das feridas e para me fortalecer. Comecei a me sentir cada vez mais forte, minha pele foi cicatrizando, meus pelos foram renascendo e a minha pata começou a sarar. Quem diria, mas é o David quem me dá banho, me enxuga e me deixa confortável em um lugar bem quentinho, com água e comida. Foi ele quem me batizou de Fumaça por causa da cor de meus pelos. Um dia ele me levou para dentro de casa e me ofereceu uma tigela de leite bem quentinho que bebi com todo o apetite do mundo. Pensei que ele me mandaria de volta para a garagem, mas tive uma grata surpresa porque ele tinha me feito uma casinha muito confortável. Acho que  finalmente consegui realizar o meu grande sonho: um lugar quentinho, com água e comida. Recuperei a minha saúde e vivo em companhia do meu amigo que agora é também o meu humano. Finalmente depois de 6 anos sou feliz e por isso vou dizer a todos os cães abandonados que nunca percam a esperança de encontrar um humano que os receba e que os ame.


Fumaça Félix










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