sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Ovário policístico pode causar infertilidade - Dra. Rosa Neme


A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é responsável por causar uma alteração hormonal - com aumento significativo do nível de testosterona, hormônio masculino - no corpo da mulher. Este problema atinge cerca de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo (principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos), podendo ser responsável por 30% dos casos de infertilidade de causa feminina. Porém, ainda não se sabe exatamente quais os fatores relacionados ao desenvolvimento da doença. Acredita-se que algumas pacientes talvez apresentem uma tendência genética que leva ao desenvolvimento desse problema.

A disfunção hormonal ocorre devido a uma alteração na função da glândula hipófise, localizada no cérebro, que faz com que haja um aumento da produção de hormônio masculino (testosterona) e um aumento da resistência do pâncreas à produção de insulina.

O diagnóstico do ovário policístico é realizado por meio e identificação dos sintomas clínicos, como acne, irregularidade menstrual, aumento de pilificação, além da alteração das dosagens de hormônios, como o Hormônio Luteinizante (LH) e a testosterona.

Os sintomas da SOP tendem a ter intensidades variadas, de acordo com o grau do problema, e costumam se manifestar ainda pelo aumento de gordura corpórea pela infertilidade. O ovário policístico também pode causar ciclos de anovulação (sem produção de óvulos), levando a mulher a não menstruar eventualmente por alguns meses consecutivos.

A presença de altos níveis de testosterona por muito tempo pode causar uma lesão nos ovários e fazer com que a mulher tenha dificuldade de ovular, provocando a infertilidade. Porisso, é importante que o diagnóstico seja precoce e o tratamento iniciado o quanto antes. Ele é feito basicamente com medicações hormonais, que reduzam a fração livre da testosterona no sangue (que é aquela que exerce o efeito), como anticoncepcionais ou medicações mais específicas para isso, conforme indicado pelo médico. Não se deve utilizar nenhum tipo de automedicação. O procedimento cirúrgico é reservado apenas às mulheres que não respondem ao uso de medicamentos. Nesses casos, a cirurgia de eleição denomina-se drilling ovariano e consiste em realizar, por meio da videolaparoscopia, vários "furinhos" no ovário a fim de melhorar a resposta hormonal ovariana.

É fundamental a consulta ao ginecologista para um diagnóstico preciso. Além disso, esse tratamento poderá envolver também um endocrinologista para ajudar no controle não só do problema ovariano, mas também no controle de outras alterações promovidas pela doença, como a obesidade.




(texto publicado na revista Contigo nº 2029 - 7 de agosto de 2014)




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