Retomar a alimentação de nossos ancestrais pode ser uma forma de ter um corpo mais saudável e sequinho
Já imaginou voltar no tempo, até o período dos nossos ancestrais, e se alimentar da mesma forma que eles, apenas com carnes, frutas silvestres e raízes? Esta é a proposta da dieta Paleolítica (ou Neandertal; ou, ainda, "dieta dos homens das cavernas"), que tem, por base, seguir os padrões daquela era, na qual o homem se via cara a cara com predadores e precisava vencê-los para não morrer. Para isso, ele tinha que ser ágil, esbelto e ter muita disposição e energia. Mas qual era o segredo de tamanha vitalidade? Seria a sua alimentação, aliada a um grande instinto de sobrevivência?
Com base nesse preceito, a dieta Paleolítica visa uma mudança nos hábitos alimentares, época em que se vivia da caça e coleta de alimentos, quando ainda não existia a agricultura e muito menos os supermercados. "O programa parte do princípio de que o nosso código genético não teve empo de se adaptar a essa nova alimentação - e é por isso que aparecem tantas doenças. Portanto, os alimentos devem ser ingeridos da forma mais primitiva possível. E é proibido o consumo de grãos e de alimentos industrializados", explica a Dra. Alice Amaral, médica especialista em Nutrologia e Medicina do Exercício e Esporte pela Associação Médica Brasileira, Associação Brasileira de Nutrologia e Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
Nos EUA, a Paleo, como ficou conhecida, é divulgada há cerca de dez anos. Os atores Matthew McConaughey, Megan Fox e Jessica Biel e a cantora Miley Cyrus (ex-Hannah Montana) estão entre os famosos que seguem a Paleo. Referências no modelo Paleolítico, os norte-americanos Robb Wolf (biólogo e ex-atleta) e Mark Sisson aceitam adaptações de comida natural para o estilo de vida moderno. Segundo eles, não é uma simples dieta, mas um estilo de vida.
Afirmam, também, que é imprescindível incluir exercícios físicos,para ter o corpo tão malhado quanto acreditam que os homens das cavernas tinham. A atividade física que mais atrai os praticantes da dieta é o CrossFit, ou ginástica funcional, que mistura picos aeróbicos com musculação pesada e a Calistenia. No Brasil, a dieta já conquistou inúmeros adeptos e seus seguidores não hesitam em divulgar seus benefícios em blogs, mostrando como seus corpos ficaram depois de seguir o programa.
Base da alimentação
O cardápio paleolítico inclui: carnes não processadas (de preferência de animais criados soltos que se alimentam no pasto), peixes e mariscos, ovos, legumes, verduras e frutas frescas, tubérculos (como inhame e batata-doce, de preferência), sementes do tipo noz (amêndoas, castanha do Brasil, avelã, nozes, macadâmia), azeite, banha de porco, óleo de coco, leite de coco, temperos como alho, cebola, salsa e cebolinha. Os únicos líquidos permitidos são a água, os chás orgânicos e a água de coco natural.
Estão excluídos> glúten (trigo, aveia, centeio, cevada, malte), quaisquer vegetais que cresçam dentro de vagens (feijão, soja, ervilha, amendoim), leite e derivados, milho e açúcar, óleos vegetais (canola, soja, milho) e alimentos industrializados (biscoitos, refrigerantes e sucos). Também se recomenda evitar cozinhar em temperaturas muito altas, com panelas diretamente no fogo. O ideal são alimentos assados em fornos a, no máximo, 180º. Portanto, a proposta é apostar em alimentos de procedência mais natural possível. Dar preferência a vegetais orgânicos, à carne de animais criados no pasto e a ovos de galinhas não confinadas e que não comam ração. E rejeitar tudo o que for processado.
Alguns pesquisadores da Paleo propõem dividir o prato da seguinte forma: 40% de hortaliças, 30% de carnes, peixes e frutos do mar, 20% de frutas e tubérculos e 10% de oleaginosas. Mas, com relação a isso, não há um consenso na comunidade científica. Quanto à bebida, não é novidade que a água é a forma mais natural de hidratação e a mais indicada pelo programa. Para os especialistas, consumir apenas esse líquido não tem desvantagens. Talvez a maior dificuldade apontada é que a água não tem qualquer sabor e não é atrativa para alguns. Mas consumir apenas esse líquido já é o suficiente para hidratar nosso organismo, que requer água para diversas funções. E, do ponto de vista nutricional, o mais indicado é consumi-la com maior frequência do que outros itens. Já com relação ao leite, sua presença é polêmica: alguns adeptos a aceitam, outros a rejeitam.
Segundo a Dra. Alice Amaral, a alimentação Paleo é rica em gorduras (Ômega 3), proteínas, fibras, vitaminas e minerais e pobre em carboidratos com alto índice glicêmico. "Busca uma alimentação livre de pesticidas, agrotóxicos, conservantes e corantes, que são extremamente nocivos ao nosso organismo", conta a especialista. Mark Sisson recomenda, também, jejuar, provavelmente movido pela dificuldade que os homens na era Paleolítica tinham de encontrar comida. "Fomos criados para viver em uma época em que não existia geladeira ou micro-ondas. Não fazíamos várias refeições ao dia. Comíamos para matar a fome e ficávamos longos períodos sem nos alimentar novamente. O jejum diminui a secreção de insulina e amplia a liberação de leptina, hormônio da saciedade, ajuda no emagrecimento e aumenta a longevidade", diz a Dra. Alice.
Açúcar, carboidrato e gordura
A dieta se ampara em pesquisas sobre os efeitos de tirar o açúcar e o carboidrato. Isto porque eles aumentam a produção de insulina, o hormônio ligado ao armazenamento de gordura no organismo. Muitas pesquisas atribuem à ingestão de carboidrato e açúcar a profusão de casos de diabetes e obesidade, entre outros problemas do metabolismo. A principal delas é eliminar produtos industrializados, açúcar e alimentos com glúten (como o trigo). A gordura animal é bem-vinda, uma vez que é fonte de energia. "Nem toda gordura é má; ela é fundamental para o bom funcionamento do organismo, participa da regulação hormonal e do equilíbrio geral de nosso organismo", afirma a doutora.
O urologista gaúcho José Carlos Souto mantém um blog há quatro anos, no qual aborda diversos aspectos da dieta Paleolítica. De acordo com o médico, este é o meio ao qual nossa espécie está geneticamente adaptada e há evidências de que a gordura na dieta não tem relação com doenças cardiovasculares e a diabetes. Já a síndrome metabólica e a obesidade respondem melhor a dietas restritas em carboidratos do que as demais. Ainda há indícios epidemiológicos de que as diretrizes vigentes (low fat, high carb) estão associadas às epidemias de obesidade e síndrome metabólica. Além disso, os medos relacionados às dietas de baixo-carboidratos (rins, fígado, ossos e massa magra) estão todos desmentidos pela ciência.
A dieta Paleo mudou a rotina de Marcela Zafani Morelli, de 29 anos, que segue o programa há um ano. Marcela passou a se alimentar de amêndoas, frutas, vegetais e proteínas, nas quantidades adequada para o seu tamanho. "Faço três refeições principais e dois lanches, entre o café da manhã e o almoço e entre o almoço e o jantar. No início foi difícil, mas logo me acostumei, principalmente, quando comecei a perceber a diferença que uma boa alimentação faz nos treinos", conta. Aliada à dieta, ela faz CrossFit (cinco vezes por semana) e joga Tênis (duas vezes por semana). Com isso, Marcela perdeu 14 kg (hoje, ela pesa 68 kg). "É sempre bom lembrar que exercício físico deve ser acompanhado de uma boa dieta, mas, na verdade, aprendi que a Paleo não é uma dieta, e sim, um estilo de vida", conclui.
Prós e contras
Ao analisar a dieta Paleolítica, um dos pontos positivos é a indução a uma alimentação saudável, que exclui produtos industrializados e utiliza os alimentos de forma mais natural, conservando seus nutrientes, visando reequilibrar metabolicamente o organismo. Mas, com a vida agitada e os inúmeros compromissos que temos em nosso cotidiano, não é fácil segui-la integralmente: se cercar de alimentos de qualidade é trabalhoso, já que a grande maioria da carne disponível é processada e provém de gado criado, confinado e alimentado com hormônios e antibióticos; os peixes, contaminados por metais pesados ou criados em cativeiros. as frutas, verduras e legumes, impregnados de pesticidas e agrotóxicos. E ainda há a falta de tempo para preparar uma alimentação de qualidade.
Outro fator que deve ser lembrado: o excesso de proteínas pode causar efeitos colaterais, como a diminuição de cálcio nos ossos, acidez no sangue e sobrecarga dos rins. O limite indicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é o consumo de que no máximo 30% das nossas calorias diárias sejam de proteína. É importante lembrar que a quantidade de proteína não corresponde ao peso total do alimento. Exemplificando: um bife de contrafilé de 100 g possui 30 g de proteína.
A Dra. Alice Amaral salienta, a quem ficou interessado em seguir a dieta Paleolítica, que, com a exclusão do glúten, leite e derivados (e tudo o que é industrializado), é possível conseguir o emagrecimento natural e acentuado. "Porém, como em qualquer outro processo de emagrecimento, essa dieta deve ter acompanhamento médico, evitando o desequilíbrio nutricional".
Alguns pesquisadores da Paleo propõem dividir o prato da seguinte forma: 40% de hortaliças, 30% de carnes, peixes e frutos do mar, 20% de frutas e tubérculos e 10% de oleaginosas. Mas, com relação a isso, não há um consenso na comunidade científica. Quanto à bebida, não é novidade que a água é a forma mais natural de hidratação e a mais indicada pelo programa. Para os especialistas, consumir apenas esse líquido não tem desvantagens. Talvez a maior dificuldade apontada é que a água não tem qualquer sabor e não é atrativa para alguns. Mas consumir apenas esse líquido já é o suficiente para hidratar nosso organismo, que requer água para diversas funções. E, do ponto de vista nutricional, o mais indicado é consumi-la com maior frequência do que outros itens. Já com relação ao leite, sua presença é polêmica: alguns adeptos a aceitam, outros a rejeitam.
Segundo a Dra. Alice Amaral, a alimentação Paleo é rica em gorduras (Ômega 3), proteínas, fibras, vitaminas e minerais e pobre em carboidratos com alto índice glicêmico. "Busca uma alimentação livre de pesticidas, agrotóxicos, conservantes e corantes, que são extremamente nocivos ao nosso organismo", conta a especialista. Mark Sisson recomenda, também, jejuar, provavelmente movido pela dificuldade que os homens na era Paleolítica tinham de encontrar comida. "Fomos criados para viver em uma época em que não existia geladeira ou micro-ondas. Não fazíamos várias refeições ao dia. Comíamos para matar a fome e ficávamos longos períodos sem nos alimentar novamente. O jejum diminui a secreção de insulina e amplia a liberação de leptina, hormônio da saciedade, ajuda no emagrecimento e aumenta a longevidade", diz a Dra. Alice.
Açúcar, carboidrato e gordura
A dieta se ampara em pesquisas sobre os efeitos de tirar o açúcar e o carboidrato. Isto porque eles aumentam a produção de insulina, o hormônio ligado ao armazenamento de gordura no organismo. Muitas pesquisas atribuem à ingestão de carboidrato e açúcar a profusão de casos de diabetes e obesidade, entre outros problemas do metabolismo. A principal delas é eliminar produtos industrializados, açúcar e alimentos com glúten (como o trigo). A gordura animal é bem-vinda, uma vez que é fonte de energia. "Nem toda gordura é má; ela é fundamental para o bom funcionamento do organismo, participa da regulação hormonal e do equilíbrio geral de nosso organismo", afirma a doutora.
O urologista gaúcho José Carlos Souto mantém um blog há quatro anos, no qual aborda diversos aspectos da dieta Paleolítica. De acordo com o médico, este é o meio ao qual nossa espécie está geneticamente adaptada e há evidências de que a gordura na dieta não tem relação com doenças cardiovasculares e a diabetes. Já a síndrome metabólica e a obesidade respondem melhor a dietas restritas em carboidratos do que as demais. Ainda há indícios epidemiológicos de que as diretrizes vigentes (low fat, high carb) estão associadas às epidemias de obesidade e síndrome metabólica. Além disso, os medos relacionados às dietas de baixo-carboidratos (rins, fígado, ossos e massa magra) estão todos desmentidos pela ciência.
A dieta Paleo mudou a rotina de Marcela Zafani Morelli, de 29 anos, que segue o programa há um ano. Marcela passou a se alimentar de amêndoas, frutas, vegetais e proteínas, nas quantidades adequada para o seu tamanho. "Faço três refeições principais e dois lanches, entre o café da manhã e o almoço e entre o almoço e o jantar. No início foi difícil, mas logo me acostumei, principalmente, quando comecei a perceber a diferença que uma boa alimentação faz nos treinos", conta. Aliada à dieta, ela faz CrossFit (cinco vezes por semana) e joga Tênis (duas vezes por semana). Com isso, Marcela perdeu 14 kg (hoje, ela pesa 68 kg). "É sempre bom lembrar que exercício físico deve ser acompanhado de uma boa dieta, mas, na verdade, aprendi que a Paleo não é uma dieta, e sim, um estilo de vida", conclui.
Prós e contras
Ao analisar a dieta Paleolítica, um dos pontos positivos é a indução a uma alimentação saudável, que exclui produtos industrializados e utiliza os alimentos de forma mais natural, conservando seus nutrientes, visando reequilibrar metabolicamente o organismo. Mas, com a vida agitada e os inúmeros compromissos que temos em nosso cotidiano, não é fácil segui-la integralmente: se cercar de alimentos de qualidade é trabalhoso, já que a grande maioria da carne disponível é processada e provém de gado criado, confinado e alimentado com hormônios e antibióticos; os peixes, contaminados por metais pesados ou criados em cativeiros. as frutas, verduras e legumes, impregnados de pesticidas e agrotóxicos. E ainda há a falta de tempo para preparar uma alimentação de qualidade.
Outro fator que deve ser lembrado: o excesso de proteínas pode causar efeitos colaterais, como a diminuição de cálcio nos ossos, acidez no sangue e sobrecarga dos rins. O limite indicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é o consumo de que no máximo 30% das nossas calorias diárias sejam de proteína. É importante lembrar que a quantidade de proteína não corresponde ao peso total do alimento. Exemplificando: um bife de contrafilé de 100 g possui 30 g de proteína.
A Dra. Alice Amaral salienta, a quem ficou interessado em seguir a dieta Paleolítica, que, com a exclusão do glúten, leite e derivados (e tudo o que é industrializado), é possível conseguir o emagrecimento natural e acentuado. "Porém, como em qualquer outro processo de emagrecimento, essa dieta deve ter acompanhamento médico, evitando o desequilíbrio nutricional".
(texto publicado na revista Bem Mulher nº 2 - ano 1)
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