O paulistano Fausto De Martini cria personagens digitais para blockbusters americanos, de Guerra nas Estrelas à continuação de Avatar
O espírito das brincadeiras de infância, em que gostava de criar maquetes de robôs e naves espaciais usando papel e argila, foi o mesmo que guiou Fausto De Martini quando ele decidiu dar os primeiros passos em redes sociais. Martini recorreu à internet em busca de tutoriais para aprender a criar imagens em 3D. Por diversão, fez a própria concepção de um personagem do jogo de videogame StarCraft e postou o resultado em um fórum. "Isso chamou a atenção da produtora americana Blizzard, a dona da história", lembra. O ano era 2003, e estava dado o play, até hoje sem pause, da escalada de uma carreira que inclui nove anos na empresa, na qual ele chegou ao posto de diretor de arte e de onde partiu, em 2012, rumo a Hollywood. Lá, conquistou espaço entre os nomes que contribuem em blockbusters na área de efeitos especiais. Quando vem a São Paulo e participa do lançamento de jogos, é tratado como herói dos geeks.
Hoje com 40 anos, o designer está envolvido na elaboração de alguns dos efeitos da continuação de Avatar, com estreia prevista para 2018. Por contrato, não conta a ninguém sobre suas tarefas no longa. Foi assim também em Star Wars - O Despertar da Força (2015). Durante sete meses, Martini ficou de boca fechada enquanto comandava a reformulação da nave TIE Fighter. Segundo estimativas de mercado, um profissional do seu nível chega a embolsar mais de 100.000 dólares por um trabalho do tipo (ele não comenta valores).
Tudo é desenvolvido em sua casa, na região de Los Angeles, onde ele vive com a mulher (brasileira) e dois filhos (de 14 a 20 anos). As horas vagas são dedicadas ao projeto de criação de um mundo 3D próprio, em um planeta do futuro abalado por conflitos entre nações e grave poluição, que Martini sonha em transformar em jogo ou filme. Da terra natal, o paulistano senta falta da pizza. "Ela não se compara a nenhuma outra no mundo", garante.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 23 de março de 2016)
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