segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Fome sem fim - Fernanda Cury


Você come, come, come e ela nunca acaba? Fique esperta, pode ser fome oculta, um problema que provoca consequências graves

Seu estômago ronca o dia inteiro, você belisca toda hora e o vazio continua? Pode ser que você coma tão errado que sofra da síndrome da fome oculta. "A longo prazo, isso pode levar ao desenvolvimento de osteoporose, diabetes, problemas cardiovasculares e até câncer", alerta a nutricionista Edima Sakamoto. "A carência de nutrientes antioxidantes, como zinco, selênio e vitaminas C e E, prejudica o sistema imunológico, deixando o organismo suscetível a tumores", completa. "A fome oculta é bastante confundida com outros transtornos, como a compulsão alimentar, já que a pessoa come e ainda sente necessidade de comer", alerta o endocrinologista Alfredo Cury. Saiba mais sobre esse problema e proteja sua saúde.

Vida corrida, nutrientes em baixa

A origem da fome oculta está na alimentação errada. Refeições pouco saudáveis realizadas às pressas, dietas muito restritivas e consumo exagerado de alimentos industrializados, pobres em nutrientes, são as maiores causas do problema, que afeta uma em cada quatro pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. "Esses hábitos geram a carência de vitaminas e minerais, o que dificulta o bom funcionamento do organismo", explica Edina Sakamoto.

O que acontece?

Quando você come, o alimento começa a ser digerido no estômago e, em seguida, é absorvido pelos intestinos delgado e grosso. Depois, o sangue leva até as células as vitaminas e minerais necessários para o desempenho de suas funções. É nessa fase que o organismo pode sentir a ausência de algum nutriente. O  corpo, então, envia um estímulo ao cérebro "avisando" sobre essa falta. Como nem sempre a mente identifica corretamente o que é pedido pelo organismo, a sensação é de se estar com fome. Se você comer um petisco qualquer que encontrar pela frente, como salgadinho ou bolachas, pode não ingerir o nutriente necessário. Aí, o corpo envia outro estímulo ao cérebro, e lá vem a fome novamente!

Os "remédios" para esses sintomas estão no prato!

O tratamento para a fome oculta é fazer ajustes na alimentação, com orientação de um especialista, para garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários ao organismo. Veja quais são os principais sintomas do problema e os alimentos mais indicados para aliviá-los:

Indisposição

Aumente a ingestão de ferro, pois o mineral é essencial para a produção dos glóbulos vermelhos e para o transporte de oxigênio. Ou seja, ele favorece a produção de energia. "São boas fontes a carne vermelha, leguminosas (como feijão e lentilha) e vegetais folhosos. As vitaminas do complexo B também são fundamentais, pois melhoram a produção de energia que vem dos carboidratos e gorduras. Podem ser obtidas nos cereais integrais, leguminosas, carnes, frango, peixes e ovos", ensina Edina.

Baixa imunidade

Se você fica gripada com frequência, cuidado. Vale aumentar a ingestão de fontes de vitamina A, presente nos vegetais alaranjados e nas verduras verde-escuras. Já a vitamina C, encontrada nas frutas cítricas, no tomate e nos brócolis, é importante para a absorção do ferro no intestino e pela ação antioxidante. A vitamina E aumenta a resistência e está presente nos óleos vegetais, nas nozes e castanhas, no abacate e na gema de ovo.

Ossos e dentes fracos

Indica a falta de cálcio, mineral essencial para a estrutura óssea. "Aumente a ingestão de sardinha, semente de gergelim, vegetais verde-escuros e laticínios", ensina a nutricionista. O fósforo, presente nas carnes, castanhas e legumes, também atua no metabolismo ósseo. Salmão, castanhas e óleos vegetais são fontes de vitamina D, fundamental para a fixação do cálcio nos ossos e dentes.

Irritabilidade e mau humor

Aposte nos frutos do mar, leguminosas e leite, que são fonte de vitamina B1, essencial na fabricação da serotonina, responsável pela sensação de bem-estar. A vitamina B6 tem a mesma função e é encontrada no atum, no feijão, no milho e na banana.

Insônia

Aumente o consumo de alimentos ricos em potássio, como molho de tomate, banana, batata, feijão-branco e abacate, pois o mineral atua no processo de relaxamento muscular e melhora o sono.



(texto publicado na revista AnaMaria nº 933 - 29 de agosto de 2014)







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