segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Intoxicação por chocolate em cães - Dayse Zulian


Como nós, seres humanos, a maioria dos cães gostam dos sabores doces, inclusive o do chocolate. O que difere muito dos gatos, que por serem muito seletivos não apreciam tanto os alimentos doces.

Muitos alimentos que constituem a dieta humana não fazem bem para cães e gatos. Temos como exemplos alimentos que comumente causam toxicidade nestas espécies tais como o alho, a cebola, o café e o chocolate. O chocolate é um alimento produzido com base na amêndoa fermentada e torrada do cacau (Theobroma cacao) e sua composição contém uma metilxantina denominada teobromina que, consumida em grande quantidade, se torna tóxica para os cães.

Existem estudos que nos mostram que em comparação com outras espécies o cão é extraordinariamente sensível aos efeitos fisiológicos da teobromina. isto se explica por que o cão possui baixa taxa de metabolização da teobromina no organismo, o que aumenta a vida média desta na circulação sanguínea e nos tecidos provocando assim reações tóxicas agudas, e, dependendo do grau de intoxicação pode levar o animal à morte. Os resultados destes estudos indicam que um consumo igual ou superior de 90 a 100 miligramas de teobromina por quilo de peso corporal pode produzir toxicidade no cão. Por exemplo, um cão de aproximadamente 11 kg, ingerindo 85 g de chocolate terá ingerido uma dose de teobromina de 94 mg/kg, potencialmente tóxica, podendo levar à morte. Diversos fatores, tais como a sensibilidade individual à teobromina, o modo como é administrada, a presença de outros alimentos no momento da ingestão no aparelho gastrointestinal e as variações do teor de teobromina nos diferentes produtos de chocolate podem condicionar a susceptibilidade individual do cão à intoxicação.

A seguir temos uma melhor ideia da quantidade de teobromina encontrada nos principais chocolates:

Chocolate ao leite: 154 mg de teobromina em 100 g de chocolate;
Chocolate meio amargo: 528 mg de teobromina em 100 g de chocolate;
Chocolate de confeiteiro: 1.365 mg de teobromina em 100 g de chocolate.

Os efeitos clínicos dessa intoxicação são percebidos entre 6 a 12 horas após a ingestão do chocolate. Os sintomas iniciais são: aumento da ingestão de água, vômito, diarreia, dilatação abdominal e inquietação (incômodo, agitação). O quadro pode evoluir para hiperatividade, aumento do volume urinário, ataxia, tremores e estado de apreensão. E, mais fatidicamente, aumento da frequência dos batimentos cardíacos (taquicardia), aumento dos movimentos respiratórios (taquipnéia), azulamento das mucosas (cianose - falta de oxigenação nos tecidos), hipertensão, aumento da temperatura corpórea e o quadro podendo, enfim, evoluir para hipotensão, queda da temperatura corpórea, coma e morte.

Infelizmente não existe antídoto para a intoxicação com teobrominas e então o tratamento deve ser de suporte para os sintomas apresentados. Trata-se de uma emergência médica e a intervenção do Médico Veterinário se faz necessária e na maioria dos casos a internação é recomendada e extremamente necessária para o tratamento suporte do animal.

Portanto, em determinadas épocas do ano como, por exemplo, a Páscoa, os casos de intoxicação aumentam drasticamente e o proprietário não está ciente dos riscos gerados pela ingestão destes alimentos. Na maioria das vezes a intoxicação ocorre acidentalmente, por este motivo os chocolates devem ser guardados em lugares inacessíveis aos animais. Então, antes de ofertar qualquer tipo de alimento para seu animal de estimação consulte um profissional veterinário de sua confiança, evitando assim um sofrimento desnecessário para seu melhor amigo.


(texto publicado na revista Leve & Leia nº 118 - ano 8 - setembro de 2014)




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