sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Trocas espertas - Carol Salles


Alguns alimentos viram moda graças à propagação de seus super benefícios, mas, importados, eles são caros e difíceis de achar. Confira cinco substitutos igualmente nutritivos, todos fartos na produção nacional, para algumas das manias da vez

Assim como acontece na moda e na maquiagem, os alimentos também entram na crista da onda e saem dela. Quem não se lembra da guinada do abacate, que passou de vilão a salvador das dietas? O problema é que os queridinhos do momento, como chia, amaranto e goji berry, incansavelmente recomendados pelos nutricionistas, são muitas vezes originários de outros cantos do mundo e, como percorrem um longo trajeto até desembarcar aqui, acabam atingindo preços altíssimos e sendo difíceis de encontrar. Para piorar, na viagem, as comidas importadas podem perder parte do seu caráter funcional, pois nem sempre permanecem fresquinhas e com todos os valores nutricionais preservados. “Além disso, vários dos testes que comprovam os benefícios desses alimentos para a saúde foram feitos nos países de origem, e não sabemos se os resultados por aqui seriam os mesmos”, ressalta o nutrólogo Celso Cukier, do Instituto do Metabolismo e Nutrição, em São Paulo. O especialista alerta que, para obter todas as vantagens dos superpoderosos, é preciso incorporá-los à dieta do dia a dia para toda a vida. E aí está o problema: como consumir para sempre alimentos que, apesar do alto valor nutricional, são caros e raros nos supermercados? A boa notícia é que o Brasil cultiva uma série de alimentos que podem funcionar como substitutos à altura – ou até se mostrar melhores, já que oferecem iguais benefícios, mas são mais baratos e encontrados com facilidade. Confira alguns integrantes da seleção brasileira com desempenho para deixar o banco de reservas e virar titulares em sua mesa.

1) Goji Berry = Açaí

Vinda da Ásia, a goji berry é uma frutinha de coloração avermelhada 50 vezes mais rica em vitamina C do que a laranja, o que ajuda a reforçar a imunidade e também combate o envelhecimento. É encontrada em forma de cápsulas, desidratada ou em pó (para chá).

Por que mudar: O açaí reúne as melhores qualidades da goji berry com algumas vantagens: além de rico em antioxidantes, é fonte de cálcio e gorduras boas, que ajudam a proteger o coração. A acerola é ourtra ótima opção nesse caso, pois concentra quase 80 vezes mais vitamina C do que a laranja, segundo os experts.

Indicação: 50 gramas de polpa de açaí três vezes por semana ou 2 acerolas por dia.

Economia: 300 gramas de goji berry desidratada custam dez vezes mais do que a mesma quantidade de polpa de açaí e 30 vezes mais do que polpa de acerola.

2) Chia = Linhaça marrom

A chia, grão nativo da Guatemala e da Colômbia, ganhou fama porque combate inflamações no organismo, ajuda a controlar a pressão arterial e é rica em fibras e antioxidantes. Em contato com a água ou alimentos aquosos, como o iogurte, adquire consistência de gel, preenchendo o estômago e prolongando a saciedade.

Por que mudar: A linhaça não fica atrás: encontrada em forma de sementes, farinha ou óleo, é rica em ômega 3 e fibras. Ainda torna-se igualmente gelatinosa em contato com a água, gerando o mesmo efeito prolongador da saciedade. A chia, porém, faz isso mais rapidamente, uma vez que vira gel em 15 minutos, enquanto a linhaça leva até três horas. A versão em sementes de linhaça, mais rica em fibras, é a mais indicada para quem quer emagrecer.

Indicação: Todos os dias, na proporção de 1 colher (sopa) do grão para cerca de 80 mililitros de água.

Economia: O preço de 500 gramas de linhaça marrom orgânica é até dez vezes menor do que o da mesma quantidade de chia em grãos.

3) Quinoa = Feijão-branco

A popularidade do grão originário da Bolívia, da Colômbia, do Peru e do Chile cresceu, principalmente porque ele é uma boa fonte de proteínas e, portanto, uma boa pedida para quem quer ganhar massa magra. A quinoa é também um carboidrato de baixo índice glicêmico, que demora mais para ser transformado em açúcar no sangue, evitando picos de fome e acúmulo de gorduras.

Por que mudar: “Feijões, em geral, são também ricos em proteínas, além de conter ferro e reduzir a ação do hormônio estrógeno, ajudando na prevenção do câncer de mama”, explica a nutricionista Andrezza Botelho, de São Paulo. O branco, em especial, ainda contém faseolamina, proteína que diminui a absorção de carboidratos e gordura pelo organismo, facilitando a perda de peso.

Indicação: 2 conchas por dia.

Economia: O custo de 500 gramas de quinoa é seis vezes maior do que o do mesmo ½ quilo de feijão-branco.

4) Amêndoa = Amendoim

“As frutas oleaginosas, como amêndoas e nozes, são ricas em gorduras boas, capazes de reduzir os níveis de colesterol ruim e aumentar o bom, e possuem ação antioxidante, protegendo as células dos radicais livres”, diz a nutricionista Marisa Bailer, do Ambulatório de Nutrição do Hospital Samaritano, em São Paulo. Ainda melhoram o sistema imunológico.

Por que mudar: O substituto é o nosso tão subestimado amendoim, igualmente uma fonte de gordura do bem, que ajuda a elevar o colesterol bom. E ele é rico em vitamina E, que é antioxidante. “Vale ressaltar, no entanto, que o consumo de ambos os alimentos deve ser moderado, pois são gordurosos.” E, em consequência, calóricos.

Indicação: Até 10 grãos de amendoim por dia, sem sal nem casca, é a recomendação da nutricionista.

Economia: 500 gramas de amêndoa sem casca custam seis vezes mais do que igual quantidade de amendoim descascado.

5) Amaranto = Arroz integral

O amaranto é um grão vindo dos Andes que deve sua fama de superalimento ao fato de ser fonte de proteínas e rico em fibras e cálcio. Ele ajuda no controle do colesterol, no ganho e na manutenção de massa muscular e no controle do peso. É encontrado em diversas formas: óleo, farinha, grão ou flocos.

Por que mudar: O arroz integral apresenta as mesmas características e, quando combinado ao feijão, forma uma composição ideal em termos nutricionais, que substitui com tranquilidade o consumo do grão andino. “Assim como o amaranto, é um alimento livre de glúten, substância inflamatória que pode causar excesso de peso”, diz a nutricionista Gabriela Zugliane, do Rio de Janeiro.

Indicação: 4 colheres (sopa) duas vezes por dia compõem a dose recomendada por Marisa Bailer, do Samaritano.

Economia: Pelo preço de 1 quilo de amaranto orgânico, dá para comprar de 10 a 12 quilos de arroz integral.




(texto publicado na revista Claudia nº 4 – ano 53 – abril de 2014)

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