quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Votar bem passo a passo - Roberta Barbieri


Pesquisar, analisar e comparar os candidatos. Ficar de olho no governo e continuar acompanhando a política depois das eleições. Pode parecer trabalhoso, mas só com informação e reflexão poderemos votar com consciência e cumprir nosso papel na democracia. Se não for assim, não adianta reclamar depois

Saiba quais cargos estão em disputa e quem são os candidatos

Em outubro deste ano, nós, brasileiros, vamos eleger presidente da República, governadores dos estados, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Então, para começar, procure saber quem são todos os candidatos a cada um desses cargos. Sem pressa nem preconceitos.

Pense bem no que você acha que é mais importante para o país

Na hora de escolher seu candidato, é fundamental que você saiba o que quer para a sociedade, o estado e o país onde vive. Para isso, não é preciso filiar-se a partidos nem adotar uma ideologia. Basta perguntar a si mesmo quais são as prioridades e os problemas mais graves. Você acha que o mais importante é melhorar a educação, a saúde, a segurança? Criar empregos? Cuidar do meio ambiente? Combater a corrupção? Quando você tiver em mente o que espera do governo, é só procurar candidatos que combinem com suas ideias.

Conheça as propostas dos candidatos

Com suas ideias na cabeça, procure ler o programa de governo que os candidatos propõem e acompanhar o noticiário, pois, nas reportagens e entrevistas, podemos conhecê-los mais de perto. Além disso, temos a chance de ler e ouvir as análises de especialistas em política. Assista também à propaganda eleitoral na TV e no rádio e, principalmente, aos debates. É nessas situações que os candidatos se põem frente a frente para discutir ideias e projetos. Isso é ótimo para nós, que, assim, podemos compará-los, analisando a pertinência de suas propostas e também das críticas que cada um deles faz e recebe. Não é questão de torcer por um, mas de conhecer todos.

Avalie as promessas de campanha

Sempre que ouvir um candidato, verifique se suas promessas são compatíveis com o cargo que ele pretende ocupar. Um deputado não pode, por exemplo, prometer creches, pois essa atribuição não cabe diretamente ao Legislativo. Cada posto tem sua função e seus limites. Além disso, tão importante quanto saber o que o candidato propõe é ver como ele vai fazer na prática. Falar que quer "melhorar a educação" é fácil. Difícil é ter planos concretos e viáveis. É como dieta, sabe? Não se iluda com propostas mirabolantes que o candidato não terá poder de cumprir no cargo e que não explicam como os problemas serão resolvidos na realidade.

Pesquise a história dos candidatos e seus antecedentes

Agora que você já sabe o que os candidatos propõem para o futuro, dedique-se a conhecer o que eles fizeram no passado. Porque, além de defender as mesmas ideias que você, seu escolhido precisa dar provas de que é honesto e competente. Se o candidato já ocupou algum cargo público, procure averiguar: como foi sua gestão? O que deixou de realizar? Ele fez promessas e não cumpriu? Esteve envolvido em algum caso de crime, corrupção ou má administração? Como a população o avaliou? Se, por outro lado, o candidato é novo na vida pública, tente descobrir quem ele é, de onde veio. O que fazia antes de se candidatar, como entrou para a política e quais são suas causas e interesses. Mais uma vez, o melhor jeito de decidir é recolhendo informações: em sites de órgãos públicos, da imprensa e de ONGs como Transparência Brasil e Movimento Voto Consciente, você encontra dados sobre gestões e processos da Lei da Ficha Limpa.

Veja quem compõe a equipe do candidato

É sempre bom lembrar que presidentes e governadores não governam sozinhos. E que senadores e deputados também têm suas equipes e suplentes. Por isso, preste atenção não só ao  vice, mas também às outras pessoas que estão envolvidas na campanha política: é bem provável que elas venham a ocupar ministérios, secretarias e outros cargos importantes no novo governo, caso o candidato seja eleito. Estenda suas investigações a essas figuras também.

Analise o partido e a coligação

Ao optar por um candidato, estamos optando pelo seu partido e sua coligação, ou seja, pelos outros partidos que o apoiam. Por isso, avalie bem quais são as bandeiras que essas siglas defendem e qual é a atuação desses partidos nas prefeituras, câmaras, governos e no Congresso. E não se esqueça: quando você vota em um deputado, seu voto também é contado para o partido, o que pode eleger outros candidatos da mesma legenda.

Tente descobrir quem são os doadores da candidatura

Uma campanha eleitoral custa muito dinheiro, viagens, publicidade, a produção das propagandas políticas, a contratação das pessoas que trabalham para o candidato. É claro que alguém está pagando essa conta, e as pessoas e empresas que financiam esse jogo têm interesses na eleição, que serão cobrados se o candidato for eleito. Então, se ele fala que vai priorizar o transporte público, mas recebe muitas doações de montadoras de automóvel, isso pode ser um sinal de alerta. Fique atento à transparência dos recursos de campanha e à coerência entre as fontes de dinheiro e as propostas do candidato.

Vote sempre de acordo com sua consciência

Tente ficar por dentro da política acompanhando os programas dos candidatos, os debates, os jornais e as redes sociais. Troque ideias com amigos, vizinhos e familiares. Mas fique atento! Você não precisa concordar com tudo que os outros dizem. Use as informações para construir sua própria opinião. Com a propaganda eleitoral, tome mais cuidado ainda. Não se deixe enganar pelo marketing nem pela emoção: é claro que as campanhas estão a favor do candidato e tentam esconder o que há de ruim e ressaltar - às vezes até inventar - o que há de bom. Além disso, tenha em mente que o tempo de propaganda de cada candidato ou o luxo de seus anúncios varia conforme o tamanho dos partidos que o apoiam. Ou seja, isso não é garantia de competência. Olho vivo!

Continue acompanhando o desempenho dos candidatos depois das eleições

As eleições um dia passam, mas a democracia continua. Votar com consciência vai muito além de escolher um candidato em outubro: o bom eleitor participa da política e, acima de tudo, fica de olho nos políticos. Se o seu candidato for eleito, vigie a atuação dele no governo, veja se ele cumpre as promessas de campanha, se ouve as reivindicações da população, se mantém as contas públicas em ordem e se não se envolve em nenhum caso de corrupção. Se ele não for eleito, continue acompanhando o que ele faz na vida pública, quais são suas atividades e como é sua atuação diante do novo governo. Na próxima eleição, eleitos e não eleitos vão disputar seu voto, então é bom que você esteja ligado, para votar bem mais uma vez, cada vez melhor sempre.

Quem faz o quê?

Presidente da República

Chefe do Poder Executivo federal, tem como principais funções zelar pela defesa nacional, ajudar a conduzir as políticas públicas de economia, saúde, educação, cultura e infraestrutura, nomear ministros e sancionar leis.

Governador

O chefe do Poder Executivo estadual deve cuidar dos interesses da unidade federativa junto ao governo federal, controlar as polícias Civil e Militar, administrar presídios, construir e gerenciar escolas, hospitais e estradas do estado, além de decidir como usar o dinheiro dos impostos estaduais.

Senadores

Representam os estados no Poder Legislativo. Sua maior atribuição é analisar propostas vindas da Câmara dos Deputados, bem como fiscalizar, processar e julgar o Poder Executivo em crimes de responsabilidade.

Deputados federais

Também no Poder Legislativo, têm a obrigação de criar, debater e aprovar leis de interesse do povo. Além disso, votam emendas orçamentárias e fiscalizam o Poder Executivo.

Deputados estaduais

Compõem as assembleias legislativas das unidades da federação. Formulam leis de âmbito estadual, elaboram o orçamento do Estado e fiscalizam o governador e os secretários.

Os erros mais comuns do eleitor - e como evitá-los

Não confunda a pessoa com o político. Carismático nem sempre quer dizer competente. Veja o que o candidato pode fazer pelo país, e não se ele sai bem na foto.

Nunca vote de brincadeira, só porque o candidato é engraçado ou esquisitão. Pense nas propostas e jamais se esqueça de que eleição é coisa séria.

Não se sinta obrigado a votar em quem está ganhando, nem pense que seu voto será desperdiçado se o seu candidato não ganhar.

Jamais venda seu voto nem o troque por um presente ou favor. Comprar voto é crime e os candidatos que o cometem devem ser punidos pela Justiça Eleitoral e pelo eleitor. Denuncie!

Também não vote em candidato porcalhão, que suja a cidade com santinhos e cartazes. Se ele está tratando a cidade desse jeito antes da eleição, imagine o que faria depois de eleito.




(texto publicado na revista Sorria para ser feliz agora nº 39 ago/set de 2014)





























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