Micro-organismos nessa região atingem a artéria do dente e caem na circulação, provocando infecções
Centenas de micro-organismos compõem a flora bacteriana da boca. Mas quando há desequilíbrio na região, as bactérias bucais podem causar problemas em outros lugares do corpo. "A cárie progride até a polpa do dente, onde se encontram um nervo, uma artéria e uma veia. O micro-organismo cai no sistema circulatório e chega a outros órgãos", exemplifica Mara Cinthia Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-Regional ABC). Vários fatores podem provocar mudanças na flora bacteriana, como machucados, uso de medicamentos, consumo de álcool, tabagismo e alimentação. A má higiene bucal e a decomposição de restos de comida sobre os dentes também fazem a população de micro-organismos crescer. "Essa deficiência de escovação pode ser causada por dentes tortos e má oclusão da boca", completa.
O caminho das bactérias
Coração: ao cair na circulação, a bactéria se aloja no endocárdio, infeccionando-o. Além disso, pode provocar danos à válvula do coração, embolia, insuficiência cardíaca e morte.
Pulmão: as bactérias são aspiradas pela boca e direcionadas para as vias respiratórias. De lá, alcançam os pulmões, provocando inflamação.
Cérebro: pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 95% das pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) possuíam doenças periodontais contra 28% do grupo controle. A hipótese é que o acúmulo de placas de gordura seja potencializado pela ação das bactérias quando já se tem predisposição ao problema.
Placenta: nas gestantes, as bactérias bucais que circulam pelo sangue podem chegar à placenta e desencadear o nascimento prematuro do bebê.
Atenção à escova
A escova ideal deve ter a ponta menor que o restante da cabeça, cerdas macias e arredondadas. "As cerdas devem fazer o movimento da gengiva à ponta do dente", orienta a presidente da ABO-ABC.
Sono e dentadura
Entre os idosos, usar o acessório durante o sono aumenta o risco de doenças, especialmente pneumonia. Um estudo da Escola de Odontologia da Universidade de Nihon (Japão) mostrou que 40,8% dos pacientes examinados estavam expostos à doença, se comparados aos que não dormiam com dentadura. E não só: placas na língua, inflamações na gengiva e "sapinho" também estavam presentes.
(texto publicado na revista VivaSaúde nº 139)
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