sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Paulistano Nota Dez: Cecilia Lotufo - Lilo Barros


Nome: Cecilia Lotufo
Profissão: empresária
Realidade que transformou: organizou um movimento que promove eventos e atua na conservação de praças na Zona Oeste

Em 1992, aos 17 anos, a estudante Cecilia Lotufo estampou caras de jornais com a palavra "fora" escrita no rosto com batom, tornando-se uma das musas doas caras-pintadas que pediram o impeachment do presidente Fernando Collor. Hoje, 21 anos depois, ela se decepciona ao vê-lo como senador, mas continua lutando pelo que acredita, em escala local. A agora empresária criou o Movimento Boa Praça, que a tua na conservação dos espaços públicos e promove piqueniques na Zona Oeste no último domingo de cada mês. Já foram realizados 44 encontros, o último na Praça Amadeu Decome, no Alto da Lapa, em 28 de abril; o próximo será na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, em 26 de maio. São oficinas de artesanato, apresentações de música, teatro e cinema, com mutirões de plantio de árvores e limpeza. Não há orçamento próprio: as ações ocorrem por meio de parcerias e doações de 600 colaboradores. "A praça é um lugar de troca e a relação entre os vizinhos melhorou", diz ela, dona de uma pizzaria no Alto de Pinheiros.

Formada em administração pela PUC-SP em 1998, Cecilia criou, antes disso, o Instituto Kairós, de consumo responsável, e trabalhou na ONG Criança Segura, na prevenção de acidentes infantis. Seu engajamento em questões sociais é herança do pai, o arquiteto Vitor Lotufo, que construiu moradias populares em favelas. A ideia de criar a entidade surgiu em 2008, no aniversário de sua filha Alice, que está com 8 anos (é mãe também de Antônio, 5). A menina queria fazer a festa na Praça François Belanger, no Alto de Pinheiros, na época em péssimo estado de conservação. "Combinei que todos os convidados levariam presentes para deixar lá. Doaram lixeiras, mudas de plantas, e a prefeitura colaborou com um playground", lembra. Com o sucesso da iniciativa, as reuniões se tornaram frequentes e o grupo passou a cobrar o poder público: a faixa de pedestres na esquina das ruas Sepetiba e Cerro Corá, na Lapa, foi pintada em janeiro, após dois anos de reclamações à CET. "Estamos elaborando um projeto de lei para a gestão de praças", conta. "Elas precisam de orçamento fixo, como os parques."



(texto publicado na Veja São Paulo de 8 de maio de 2013)




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