Nome: Henrique Vaz e Soiane Vieira
Profissões: estudante e advogada
Atitude transformadora: treinam alunos de escola pública para olimpíadas de matemática
Na manhã do último domingo (16), a estudante Fernanda Souto, de 14 anos, apareceu de surpresa na sala de seu ex-professor para fazer um agradecimento. As aulas cursadas ao longo do ano passado foram fundamentais para a obtenção de uma bolsa de estudos integral no ensino médio do prestigiado Colégio Etapa, cuja mensalidade custa 2653 reais - valor que sua família não poderia bancar. Seu tutor, no entanto, não é um decano de cabelos brancos e larga experiência acadêmica, mas um garoto que mal atingiu a maioridade: o também estudante Henrique Vaz, de 18 anos. Ele é o mentor do projeto Vontade Olímpica de Aprender (VOA!), criado em 2010 para treinar alunos da rede pública interessados em disputar olimpíadas nacionais de matemática. Os pupilos com melhor desempenho acabam premiados com mais do que medalhas, como foi o caso de Fernanda. "Ele foi o grande responsável por minha conquista", diz a garota.
No começo da iniciativa, quando ainda tinha 14 anos de idade, Henrique contou com o apoio de sua mãe, Soiane Vieira. A advogada o ajudou a encontrar o espaço adequado para as aulas, na Escola Estadual Maestro Fabiano Lozano, na Vila Mariana, e a conseguir um patrocínio do Rotary Club para bancar o custo anual de 10 000 reais. Após iniciar a empreitada sozinho, hoje Henrique divide a tarefa de explicar as lições com outras vinte pessoas, entre amigos e professores do Etapa. A chance de transformar vidas é seu combustível. "Criamos a cultura do estudo para mostrar que vale a pena lutar por seus sonhos", diz o estudante. Entre seus alunos de destaque estão Anderson Otsuka, medalhista de prata em uma olimpíada realizada em 2011, e Lucas Nascimento, bronze em 2012. O próximo objetivo de Henrique é abrir turmas para o ensino de português. Um plano que talvez precise ser adiado: em agosto ele irá aos Estados Unidos para cursar Ciências Políticas na Universidade Harvard. No período em que estiver fora, o VOA! será mantido por seus colegas. "O projeto é um dos caminhos possíveis para melhorar a escola pública", acredita.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 26 de março de 2014)
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