sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Alívio para o "parque" USP - Adriana Farias


O campus do Butantã testa no sábado (1º) um plano para organizar a convivência entre carros e atletas

Com 12 000 visitantes para lazer aos sábados, o campus central da Universidade de São Paulo, no Butantã, vive conflitos semelhantes aos que enfrentam outros parques da cidade, com a disputa por espaço entre quem anda, corre ou pedala, e uma agravante: a circulação de carros e ônibus. Essa convivência difícil sempre causa descontentamento de todas as partes. "É tanta gente que não dá para passar dos 20 quilômetros por hora de carro", reclama a estudante Nicoli Oshiro, de 25 anos. "Um ônibus quase me pegou outro dia enquanto eu corria. Sorte que uma desconhecida me puxou pela blusa", conta a economista Daniela Pacheco, de 43 anos.

Desde janeiro, foram 123 acidentes de trânsito. No mais grave, em 16 de agosto, um motorista embriagado atropelou cinco pessoas - o corredor Alvaro Teno, de 67 anos, morreu. A tragédia apressou a tomada de medidas de organização, e o resultado é um plano que será testado pela primeira vez no sábado (1º), com o objetivo de isolar as atividades do local. Se funcionar, será posto à prova ao menos mais uma vez e, depois, passará pelo crivo do Conselho Gestor antes da implantação definitiva.

Para os frequentadores, a principal novidade do modelo experimentado é a criação de um circuito de 6,2 quilômetros, separado de automóveis por cones ou canteiros, em boa parte paralelo à raia olímpica. Ciclistas de alta velocidade podem pedalar no local das 4 às 6 horas. Das 7 às 12 horas, caminhadas e corridas dominam o trecho (é possível praticá-las em outros lugares, sem a vantagem do isolamento dos carros). Além disso, grupos esportivos terão pontos para parar os veículos de apoio e a obrigação de recolher o lixo. "A USP não é um parque. Estamos pensando no ganho acadêmico do projeto, envolvendo alunos de engenharia e educação física para estagiar nesse ambiente esportivo, por exemplo", diz Arlindo Philippi Junior, prefeito da unidade.

A instituição também planeja implantar em 2015 faixas de ônibus no Butantã, por onde passam 120 000 pessoas diariamente. Essas medidas se inserem no programa Campus Sustentável, que inclui trabalhos para economia de água, por exemplo. O pacote de boas iniciativas dentro do campus está sendo posto em prática pelo novo reitor, Marco Antonio Zago, que assumiu o cargo em janeiro em meio a um momento delicado. Com 105% de seu orçamento anual de 5 bilhões de reais comprometidos só com a folha de pagamento, a universidade passa pela mais grave crise financeira de sua história.




(texto publicado na revista Veja São Paulo de 5 de novembro de 2014)


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