domingo, 4 de janeiro de 2015

Você já experimentou a zooterapia? - Mara Gabrilli, deputada federal


Muita gente já ouviu falar dos benefícios de um cão-guia na vida diária de uma pessoa com deficiência visual. O que pouca gente sabe é que outros animais também têm se mostrado muito eficazes em terapias e tratamentos para crianças, idosos e adultos com outros tipos de deficiência.

Você já ouviu falar dos cães sinalizadores?

Pessoas com deficiência auditiva podem treinar um cão para alertar sobre barulhos, como sirenes de ambulâncias, polícia ou bombeiros. Da mesma forma que o cego é orientado pelo cão para atravessar a rua, o surdo pode ser desviado de um carro que se aproxima. A percepção do cão que orienta sobre os perigos da estrada pode ajudar o dono também em seu dia a dia em casa, alertando sobre o apito do forno, o despertador e até o choro do filho.

Além de uma companhia agradável para quem precisa de apoio para realizar tarefas cotidianas, os animais resgatam das pessoas algo essencial para quem convive com uma deficiência: autonomia. Pense que para um cego ou um surdo poder andar sozinho nas ruas, com segurança, é muito mais prazeroso e dignificante.

Com os idosos, os benefícios da zooterapia se expandem para outras áreas, como a da comunicação. Um projeto realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) trabalha levando animais para fazer visitas em asilos, e além de cães foram usados peixes. Os pesquisadores instalaram um aquário e os moradores do asilo ficaram responsáveis por alimentar os peixinhos. Com isso, muitos idosos, que pouco falavam, passaram a ficar mais motivados por ter uma nova atividade. Resgataram sua capacidade de se expressar e a de dar e receber afeto.

Estudo realizado por um veterinário francês chamado Jean-Yves Guachet testou a sensação de bem-estar que os animais provocam no ser humano. Ele testou 250 voluntários que foram submetidos em diferentes momentos do dia a uma gravação de 30 minutos com o som de um gato ronronando. Os participantes da pesquisa relataram que passaram a dormir melhor e ter mais serenidade após ouvir diariamente o som do felino.

Isso acontece porque o contato com animais em geral nos faz liberar substâncias como a endorfina, oxitocina, prolactina, dopamina, entre outras. Essas "inas" diminuem os níveis de estresse e são uma fonte de amor inesgotável e sem contra indicação.

Na outra ponta, com os pequenos, os animais também geram comoção e bem-estar, inclusive com crianças que já sofreram violência familiar. Nesses casos a zooterapia ajuda a reforçar os vínculos afetivos e as noções de cuidado e respeito, que ficam abaladas quando uma criança sofre maus-tratos de quem mais deveria lhe dar amor.

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ganhei o Tuiuiú e me apaixonei perdidamente por aquele pug. Pequeno, com aqueles olhos enormes e arredondados, expressão calma, jeitão meigo e disposto com a vida, ele me conquistou. Foi meu companheiro por 16 anos e esteve a meu lado em vários momentos. Até se virou muito bem quando me tornei deputada e ele passava as noites em casa sozinho. O que tornava meus retornos para São Paulo ainda mais inspiradores. Agora, estou em busca de um novo parceiro para preencher esse espaço.

Recomendo a zooterapia para todo mundo, independente de deficiências. Nessas seções, o essencial está só em você e seu bichinho. E os ganhos são infindáveis.




(texto publicado na revista Sentidos nº 85 - ano 14)






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