Quando o Cardeal Jorge Mário Bergoglio chegou em 2013 para o conclave, se instalou na casa de Santa Marta. É ali, no quarto 201 que o Papa Francisco ainda reside, em 50 metros quadrados: antessala, escritório e quarto com cama monástica, móveis reduzidos ao essencial e luzes de néon.
A escolha de não viver no apartamento do palácio apostólico, mas na Casa Santa Marta, uma espécie de o hotel foi do próprio papa: "Santa Marta é uma casa para bispos, padres e laicos. Ali vivo diante dos olhos de todos e levo uma vida normal, missa pública pela manhã, refeições com os demais no refeitório. Isso me faz bem e faz com que não me sinta isolado", escreveu Francisco. O despertador toca às 4h45. O papa jesuíta permanece por duas horas em oração e preparação da homilia. Poucos minutos antes das 7h, ele já está na capela para celebrar a Santa Missa. Ao final, cumprimenta e conversa com todos, detendo-se ainda para rezar, depois vai tomar o café da manhã no refeitório comum.
Em seguida começam os compromissos. No seu escritório, ele lê notícias sobre o mundo, informações sobre as nunciaturas e cartas dos fiéis. As audiências e reuniões ocorrem normalmente no Palácio Apostólico e Francisco se movimenta quase diariamente da Casa de Santa Marta para o Palácio Apostólico, e dependendo dos casos, faz o trajeto de uma a três vezes por dia. Quando está no Palácio, raramente visita o terceiro andar onde está o apartamento papal, mas é lá que aos domingos, no mesmo balcão utilizado por Bento XVI ou João Paulo II, dá a benção do Ângelus para a multidão e o mundo.
Depois do almoço, Francisco sobe de novo para o quarto, faz meia hora de repouso, e em seguida, outro momento de oração antes de recomeçar a trabalhar no escritório de Santa Marta durante toda a noite.
Entre reuniões, cartas e telefonemas, faz pausa para rezar o Rosário. O jantar é às 20h, mas "de noite, entre as 19h e as 20h, estou diante do Santíssimo para uma hora de adoração", lembra.
"Para mim a oração é a memória de que Santo Inácio fala na Primeira Semana dos Exercícios, no encontro misericordioso com Cristo Crucificado. E me pergunto: 'O que fiz por Cristo? O que faço por Cristo? O que devo fazer por Cristo?'"
Por volta das 21h, depois do jantar, Francisco volta para o quarto. Acima da cama, o crucifixo e ao lado uma mesa com a imagem de São José dormindo, trazida de Buenos Aires. Em Manila, ele contou às famílias. "Sobre a minha mesa, eu tenho uma imagem de São José que dorme. E, enquanto dorme, cuida da Igreja. Quando eu tenho um problema, uma dificuldade, eu escrevo um bilhetinho, e o coloco debaixo de São José, para que o sonhe."
(Matéria baseada na reportagem publicada no jornal Corriere della Sera em 12/03/2015 e texto publicado em português na revista Ami nº 27 - ano 3 - abril/maio de 2015)
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