segunda-feira, 20 de julho de 2015

Prós e contras do ibuprofeno - Renata Gonçalez


Com ação analgésica, antipirética e anti-inflamatória, uso deste medicamento isento de prescrição requer cautela e orientação farmacêutica

Presente na vida de cerca de 15 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a alta prevalência de dor de cabeça é responsável por induzir a população a consumir indiscriminadamente grandes quantidades de analgésicos. Segundo levantamento feito em 2013 pela emrpresa IMS Health, o comércio desses produtos no Brasil movimenta R$ 2,6 bilhões por ano. Dentre os mais vendidos está o ibuprofeno, uma substância com ação analgésica, disponível como medicamento isento de prescrição (MIP) que também possui ação antipirética e anti-inflamatória.

Derivado do ácido propiônico, o ibuprofeno é um inibidor reversível da enzima ciclo-oxigenase e causa uma diminuição da formação de precursores das prostaglandinas e tromboxanos reduzindo, desta maneira, o processo de inflamação tecidual. Trata-se de um fármaco pertencente ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (Aines).

A principal indicação deste MIP é no tratamento de febre e dores de intensidade leve a moderada, geralmente associadas a quadros de gripes ou resfriados. Costuma ser utilizado também para casos de dor de garganta, dor nas costas, dor de dente, dor de cabeça, cólicas menstruais e dores musculares.

Muitos consumidores, na hora de solicitar analgésicos, questionam o farmacêutico sobre as diferenças do ibuprofeno em relação aos demais medicamentos da mesma classe. Um dos estudos disponíveis sobre o ibuprofeno, realizado com 899 pacientes pela Universidade de Sonthampton, na Inglaterra, mostrou que, comparado ao paracetamol, o ibuprofeno, ou uma combinação deste com o paracetamol, não tem vantagem para os pacientes com infecções do trato respiratório e pode ainda piorá-la. Uma das hipóteses é que o ibuprofeno pode interferir em alguma parte importante das defesas do organismo, dificultando o combate à infecção em algumas pessoas.

Principais orientações

Além das orientações sobre administração, duração do tratamento, possíveis reações adversas, interações com outros medicamentos e/ou alimentos e o modo de ação do ibuprofeno, é essencial que o farmacêutico sempre questione se o paciente não apresenta alergia a nenhum dos componentes presentes no medicamento, explica a assessora técnica do CRF-SP, dra. Amouni Mourad.

A Dra. Amouni dá outras recomendações: "É papel do farmacêutico orientar o paciente a jamais exceder a dose recomendada, alertá-lo a descontinuar o tratamento caso apareça qualquer reação adversa, como sintomas alérgicos/hipersensibilidade, e lembrá-lo de que ele pode notificar a farmácia sobre reações adversas detectadas".

Por fim, a assessora técnica do CRF-SP lembra que é preciso oferecer atenção especial a pacientes idosos e crianças, diabéticos, portadores de intolerâncias hereditárias (fenilcetonúricos, celíacos, etc), gestantes e lactentes, orientando a todos que procurem o médico antes de utilizarem o ibuprofeno.



(texto publicado na Revista do Farmacêutico de dezembro 2014/janeiro 2015)

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