segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O doping já existia nas primeiras Olimpíadas - Thiago Lotufo


Substâncias para aumentar a força e a resistência física fazem parte das Olimpíadas desde a primeira de que se tem registro, em 776 a. C. Relatos do escritor grego Philostratus davam conta de que os atletas do santuário de Olímpia, que deu nome ao campeonato, bebiam chás com diversas ervas e comiam cogumelos para alcançar maior rendimento nas competições.

Na era moderna, o doping também acompanhou os atletas. Em 1896, corredores e ciclistas valiam-se de cocaína, efedrina e estricnina em forma de pequenas esferas, chamadas de "bolinhas", para melhorar o rendimento. Nessa época, o doping era  visto com maus olhos, mas não era proibido. Em 1904, na Olimpíada de Saint Louis, o americano Thomas Hicks ganhou a maratona com a ajuda de ovos crus, doses de conhaque e injeções de estricnina que lhe  eram aplicadas durante a corrida.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o uso de anfetaminas e esteroides anabolizantes começou a ser disseminado pelos jovens soldados que se  tornaram atletas. Eles conheciam bem essas substâncias. A primeira delas era usada no front para diminuir a fome, a sede e o cansaço. Já a segunda foi muito usada no pós-guerra, para recuperar a massa muscular de prisioneiros desnutridos.

A efedrina é usada há 4700 anos

A efedrina já era conhecida na China desde 2700 a. C. A droga era obtida a partir da infusão de ma-huang, uma erva do gênero Ephedra, que reúne as plantas com concentrações da droga. Como a substância é descongestionante, reduz a fome e produz uma sensação relaxante, era usada pelos camponeses chineses no trabalho, para diminuir a sensação de cansaço.

Outra droga que já foi usada para o trabalho é a estricnina. Isso mesmo: a mesma substância usada como veneno de rato é considerada, em doses menores, um tônico muscular.

Drogas & Esporte

A cafeína talvez seja o estimulante mais usado no mundo. Até os jogos de 2000, em Sydney, uma quantidade superior a 12 microgramas por mililitro de urina (cerca de quatro xícaras de café expresso para uma pessoa de 75 quilos) era considerada doping. Por falta de estudos comprovando seu benefício nas competições, ela foi retirada da lista de substâncias proibidas divulgada em 2004.

Um vinho batizado de Vin Mariani era bastante popular entre os ciclistas no final do século 19. A bebida era produzida por um alquimista da Córsega e levava folhas de coca em sua composição.

Nas décadas de 70 e 80, os nadadores adotavam um doping inusitado: recebiam ar comprimido pelo ânus minutos antes da competição. Para flutuarem melhor na água.



(texto publicado na revista Aventuras na História nº 12 - agosto de 2004)








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