sábado, 6 de dezembro de 2014

A hora da virada - Roberta Faria


E então, chegamos ao fim. O ano que demorou a começar, depois passou devagar, de repente engatou de vez - e já vai se despedindo da gente, apressado em acabar logo com isso. O sentimento é recíproco. Até agosto, a gente diz "Nossa, nem acredito! Já estamos no segundo semestre, como esse ano passou rápido!" Dá um desesperozinho: "Faltam tantas coisas! Ainda não fiz nada! E já tem que pensar no fim de ano?!"

Mas, ali por novembro, a coisa muda de figura. De repente, é "Afe, não vejo a hora de esse ano terminar!". É a aceitação, tingida com a esperança de um recomeço. Já que não vai dar para fazer tudo aquilo que planejamos lá no começo, já que parece tarde demais para consertar o que desandou, já que nem todos os sonhos se realizaram, queremos começar logo uma nova rodada.

Calma. Antes de fazer planos na folha em branco, vamos nos dar o direito de olhar - com generosidade - para os 12 meses que passaram. Olha só, quanta coisa você fez, sim! Vai, põe aí numa lista: todas as experiências novas, todos os trabalhos entregues, todas as emoções vividas, todas as decisões tomadas. Os acertos e os fracassos também (e as lições tomadas com cada um). As pessoas que conheceu e as que reencontrou, aquelas com quem foi feliz ou a quem ajudou. Sim, houve muitos arrependimentos, decepções e dias difíceis também - e, que orgulho, você cresceu com eles e sobreviveu para contar a história. Nem tudo saiu como você pensava, mas também aconteceram surpresas boas, não foi? Pensa só em quem você era há um ano, e em quem está se tornando agora, com as descobertas e os aprendizados de mais este ciclo nas costas.

Daí, quando a gente para de se apressar para chegar logo e presta atenção no caminho que está fazendo, aquela ansiedade vira outro sentimento - quem sabe, um alívio satisfeito ou uma realização orgulhosa por tudo o que se passou até aqui. E o ano-novo passa a chegar não mais para nos livrar do que não estava bom, mas para nos dar a chance de ser ainda melhores.



(texto publicado na revista Sorria para ser feliz agora nº 41 dez 2014/jan 2015)




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