sábado, 13 de dezembro de 2014

A meditação do riso - Conceição Trucom


É sabido que qualquer estado emocional intenso aumenta nossas defesas imunológicas através de um breve pico de imunoglobulina, sendo que as emoções positivas, como o bom-humor e a compaixão, sustentam por períodos longos os efeitos imunes, enquanto que os estados emocionais negativos tais como a raiva, são logo seguidos por uma queda na imunidade.

E mais: quando as pessoas se envolvem em comportamentos associados com a empatia, bom-humor e compaixão, seus corpos produzem mais do hormônio oxitocina, provocando sentimentos de ligação e vínculo, fato que indica que um comportamento compassivo provoca uma reação química no organismo que nos motiva a ser mais compassivos, mais empáticos.

Parece-me que a ciência está decifrando os sábios conhecimentos empíricos que indicavam que nosso comportamento "atrai boas ou más vibrações".

O riso tem o poder mágico de trazer à tona conteúdos da sua essência, da fonte interior. Um passaporte para subir num balão, em questão de segundos, uma energia nova começa a fluir, acompanhada pelo riso e leveza inerente a ele.

Você já observou que quando está rindo, de verdade, durante aqueles poucos instantes, acontece um profundo estado meditativo? O estar no corpo torna-se absolutamente óbvio. As pernas amolecem (não precisa chão), o pensamento pára. É impossível rir e ter as pernas e joelhos travados. Você necessariamente flexiona, amolece todo o corpo.

É impossível rir sem ter a vontade de olhar para o alto. Sem lacrimejar, sem fechar e abrir os olhos. Um exercício natural para limpar a visão, a janela da alma. É impossível rir sem sentir vontade de colocar as mãos no plexo e coração. Aliás, os batimentos e oxigenação aumentam, o corpo fica mais quente.

E por último: é impossível rir e pensar ao mesmo tempo. São fenômenos diametralmente opostos: ou você ri ou você pensa. Se você ainda estiver pensando, significa que o riso é apenas superficial, defasado. Será um riso cortado, desconectado da fonte e da alegria. Significa que o risômetro NÃO está frouxo ainda.

Quando você ri de verdade, realmente, do nada, ou de tudo, a mente DESLIGA. E nesse sentido o riso pode ser uma divertida forma de acessar um estado de não-pensamento. Naturalmente. Da mesma forma quando dançamos. Rir e dançar são formas naturais, facilmente disponíveis, gratuitas, de parar a mente. Se você dançar realmente, o pensamento para.

Na leveza do riso e da dança podemos esquecer do corpo: onde ele começa, onde ele termina? Ao mesmo tempo podemos ficar tão no corpo, tão nas percepções, nas sensações, na meditação, que esquecemos de pensar, julgar, criticar, negar. Lá do fundo vem uma força propulsora que nos torna leves e gratos.

Daí em diante torna-se mais fácil rir e dançar, celebrar e agradecer.

Você se funde com a existência e a existência se funde com você. E se você estiver realmente rindo - não conduzindo, mas permitindo que ele te possua - se você é possuído pelo prazer e leveza do riso, o pensamento para.

E quando você voltar para a vida, voltar a pensar, é como quando reiniciamos um computador: está tudo pleno, fresh, consertado. Todos os programas abrem, tudo funciona: as ideias chegam!!!

Como praticar a meditação do riso diariamente?

Super fácil.

Sem custos, só acordar 10 minutos mais cedo... E ganhar horas, brindes, elogios durante o dia!

Todas as manhãs, no exato momento em que você acordar, antes de abrir os olhos, se espiche como um gato. Estique cada músculo do seu corpo. Depois de 3-4 minutos, com os olhos ainda fechados, comece a rir.

Por 5 minutos, apenas ria. No começo você estará provocando-o, mas logo o próprio som da sua tentativa causará o riso genuíno. Perca-se no riso.

Pode levar alguns dias até que ele realmente aconteça, pois estamos desacostumados com o fenômeno do riso. Ignoramos muito sobre o poder do riso. Mas não demorará muito e ele se tornará espontâneo e transformará toda a natureza do seu dia.




(texto extraído do livro Simples Mente Feliz - Conceição Trucom, publicado na revista Leve & Leia nº 121 - ano 8 - dezembro de 2014)




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