Aprenda a dar ouvidos à sua intuição e viva bem melhor

Saiba como captar mensagens do inconsciente e aproveite essa capacidade (que não tem nada de sobrenatural) para resolver e decidir questões práticas da vida

Intuição não falha. Ao menos para a publicitária Luciana Resende, de 38 anos. Sempre que tem uma decisão importante a tomar, ela sai para uma caminhada, sozinha, "para ouvir a voz do coração", revela.

Foi assim quando pediu demissão de um emprego de que não gostava, sem ter outro em vista, apenas porque foi sondada por outra empresa. "Não havia nada concreto, mas algo me dizia que trabalharia lá."

"Lá", no caso, é a agência onde Luciana trabalha atualmente em uma área com a qual sempre havia sonhado. "No fundo, a gente sabe o melhor a fazer, mas nem sempre dá ouvidos à intuição", diz Luciana. Veja como desenvolver seu sexto sentido e se dar bem como a nossa leitora!

Mergulho interior

Voz interior, sexto sentido, insight. "Podemos definir a intuição como uma informação que vem do nosso mundo interno", afirma a psicoterapeuta Patricia Puccini, autora do livro Gente que Mora Dentro da Gente (Ed. Pensamento-Cultrix). Essa sensação contém dados coletados pelo cérebro, armazenados e recombinados, mas também algo que sentimos "no ar", que está no que os estudiosos chamam de inconsciente coletivo. "A intuição junta eventos desconectados e dá um sentido inesperado a eles", compara Patricia.

Algo me diz...

Muitas vezes a intuição antecipa fatos, como uma espécie de binóculo. "Ela aproxima o que etá distante da nossa percepção normal", diz a psicanalista junguiana Sylvia Mello Silva Baptista, da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Esse tipo de aviso não é sobrenatural e facilita a vida prática. Mas como desenvolver a intuição? Basta ouvi-la. "Respeitar o que parece não fazer sentido é essencial e todos podem aprender", garante a especialista. É como se a consciência fosse um holofote e iluminasse apenas parte do palco. Nós só vemos o que está iluminado. Mas há outras coisas em cena. "Para ter intuição, precisamos entrar na penumbra, onde não sabemos o que existe. Nesses momentos, a intuição nos diz: vá, arrisque, confie no que sente!", orienta Sylvia.

Todo mundo tem

O psicanalista Carl Gustav Jung (1875-1961) definiu a intuição como uma função do cérebro, assim como razão, memória e sensações. Segundo ele, esse sentimento envolve a comunicação dos dois hemisférios cerebrais: o esquerdo (racional, lógico) e o direito (que responde pela linguagem simbólica, imagens e emoções). Assim, as pessoas intuitivas seriam aquelas que utilizam as duas porções com equilíbrio. "Quanto mais você se liga no inconsciente, mais desenvolve essa habilidade, que implica em reconhecer sinais e sensações inexplicáveis", diz Sylvia. Talvez por isso a intuição seja considerada um atributo feminino: a mulher é mais ligada à sensibilidade. O raciocínio lógico bloqueia a capacidade de interpretar essas informações.

6 passos para desenvolver seu sexto sentido

1) Apure os cinco sentidos: tato, olfato, visão, paladar e audição. Alimente-se de olhos fechados e sinta o sabor da comida; toque numa flor e perceba a emoção que provoca; sinta um cheiro e o interprete. Isso aguça a percepção.

2) Dê mais atenção aos seus sonhos. "Eles são uma manifestação do inconsciente", explica Sylvia Baptista. Tente entender a emoção sentida durante o sonho e a relacione com o que quis dizer. Isso facilita o acesso ao seu interior.

3) Abra espaço na rotina para o silêncio e o recolhimento. "Pessoas que meditam ou praticam visualizações têm mais chance de acessar o inconsciente e ouvir a intuição", diz a psicoterapeuta Patricia.

4) Crie sua forma de ouvir a intuição. Na mitologia grega, deus Hermes tampava os ouvidos, depois ia para a rua. A primeira frase que ouvia, considerava um sinal. Dar crédito a algo sem sentido desperta o seu lado intuitivo.

5) Distraia a mente ao empacar diante de um dilema. Albert Einstein, um dos maiores físicos, fazia palavras cruzadas para se desligar de questões que não conseguia resolver - a mente relaxava e ele solucionava equações dificílimas.

6) Siga a sua intuição sem questionar. Não fique travada, avaliando se o que pensa faz sentido ou não. Vá afinando sua conexão de forma a ouvir melhor as mensagens e, assim, permitir que sua vida flua mais facilmente.

Intuição ou perturbação?

Nada de confundir intuição com maluquice! Segundo a psicoterapeuta Patricia Puccini, a verdadeira intuição tem algumas características próprias. Veja só:

- A informação chega de formada inesperada, súbita e urgente.

- A intuição não é lógica ou racional.

- A intuição, geralmente, vem acompanhada de uma sensação boa.

- A intuição sussurra e diz uma única vez o que deve ser feito (atenção: isso não tem nada a ver com pensamentos repetitivos ou ideias fixas, por exemplo).

- Em geral, a pessoa tem certeza da mensagem captada.

(texto publicado na revista Viva! Mais nº 793 - 12 de dezembro de 2014)

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