domingo, 7 de dezembro de 2014

Chega de medo


A síndrome do pânico vem de mansinho e, de uma hora para outra, pode transformar a sua vida num inferno. No entanto, existem precauções e tratamentos efetivos para casos dessa doença

Quem nunca passou por um momento de pressão, que atire a primeira pedra. A verdade é que vivemos em um mundo em que o imediatismo é muito valorizado - e onde tempo é dinheiro. Sendo assim, a sociedade passa, cada vez mais, por crises de ansiedade, seja momentos antes da realização de uma prova, entrevista de emprego ou à espera de respostas, por exemplo. Porém, em excesso, esse sentimento afeta negativamente a vida de quem o sente, tanto mental como fisicamente, podendo acarretar a um mal ainda mais temido: a síndrome do pânico. Essa doença é provocada quando a pessoa não consegue dominar um problema do ambiente em que vive. "Esse distúrbio é uma ansiedade aguda e intensa, que desencadeia crises que podem durar entre 15 a 30 minutos. Situações de desafio que o indivíduo não sabe como lidar podem ser uma das principais causas", afirma a psicóloga Marcella Almeida, da Clínica de Especialidades Integrada (SP). A enfermidade é designada pelos ataques inesperados de medo e é chamada, pelos médicos, de ansiedade patológica. Quem a possui sofre durante as crises e nos intervalos delas, já que não sabe quando ocorrerão novamente.

Sinais de ansiedade

Se você já sofreu ou presenciou alguém em uma crise, provavelmente sabe como é difícil passar por esse período. E é muito fácil identificar, pois os acessos são caracterizados por tremores, impressão de falta de ar intensa ou sufocação, palpitações, sensação de morte iminente ou de desmaio, perda do controle mental e sudorese, ou seja, uma transpiração excessiva. Tudo isso se assinala como ataque de pânico quando dura entre 15 minutos e meia hora e ocorre uma única vez. Quando esses acometimentos se repetem e a pessoa começa a não sair de casa, ou mudar seus hábitos, o quadro passa a ser chamado de transtorno de pânico. Lembre-se: pessoas que levam uma vida desregrada, com uso abusivo de bebidas alcoólicas, drogas e até mesmo o consumo de remédios para emagrecer, têm mais tendência a desenvolver esse mal.

Ficar em casa repousando não é a solução. O ideal é que a pessoa tente viver o mais normalmente possível

Descubra o quanto antes

Para saber se você sofre com esse mal, o médico deve chegar ao diagnóstico por meio do quadro clínico apresentado, diferenciando-o de outras doenças psicológicas ou físicas. "Vale lembrar que a ansiedade pode ter origem genética, isto é, o indivíduo herda uma predisposição para a doença, que pode se manifestar bem precocemente. O reflexo disso são crianças agitadas e hiperativas. A síndrome também pode decorrer de uma infância em que a pessoa se sentia carente, insegura e tinha de viver em um ambiente problemático, que reforçava o sentimento de que situações desagradáveis sempre iriam acontecer", enumera a psicóloga clínica Priscila Gasparini, doutora pela Universidade de São Paulo (SP).Portanto, se um primeiro ataque acontece e se repete - além dos outros sintomas característicos -, o recomendado é procurar, o quanto antes, ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, para que esses profissionais possam fazer uma avaliação e, assim, descobrir-se, de fato, a doença é uma realidade ou não.

Um estudo do National Comorbidity Survey (NCS) nos EUA, apontou que 71% das pessoas que são acometidas pela síndrome do pânico são mulheres e 29% são homens. Isso acontece devido à sensibilidade das estruturas cerebrais

Pânico dos palcos?

Recentemente, o cantor Belo apresentou supostas crises de síndrome do pânico, bem no início de sua nova turnê em que lança CD e DVD novos após 17 anos de carreira. Segundo o pagodeiro, a doença surgiu enquanto estava na cadeia, onde passou 4 anos de sua vida devido a tráfico de drogas. Ele conta com o apoio da família e da esposa, Gracyanne Barbosa. Após alguns dias de descanso e tratamento psicológico, ele voltou aos palcos no último dia 20, mas continua firme no tratamento.

Melhor prevenir do que remediar

Se você sente alguns dos sinais e se acha uma pessoa ansiosa, é importante se cuidar. isso pode ser feito com antidepressivos e terapia cognitiva comportamental. "O tratamento deve ser feito com acompanhamento. Automedicação é um dos maiores erros cometidos pelas pessoas", aconselha Tatiana Gotardi, psicóloga (SP). Os remédios interrompem as crises e a terapia pode diminuir o temor de novos ataques acontecerem, o que ajuda a tornar a vida do paciente normal. "A terapia visa entender o comportamento do indivíduo e como mudá-lo. O ideal é fazer de 10 a 20 sessões durante diversas semanas. Nelas, o indivíduo irá aprender a controlar os seus medos, seu comportamento e a lidar com a ansiedade", explica Marcella. Os tratamentos costumam durar entre seis meses e dois anos.




(texto publicado na revista 7 dias com você nº 593 - 29 de outubro de 2014)











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