Pois é, ela existe! Se você ataca a geladeira na calada da noite, leia esta reportagem e descubra se está na hora de buscar ajuda
Depois de um dia daqueles, cheio de trabalho e estresse, atacar a geladeira à noite é até comum. Quem nunca? Mas quando o hábito é recorrente e exagerado - come-se muito mais à noite do que durante o dia, por exemplo - e está acompanhado de outros sintomas, como dificuldade para pegar no sono, é melhor ficar atenta.
Este tipo de comportamento pode ser sinal da Síndrome Alimentar Noturna, também chamada de Síndrome da Fome Noturna, quadro que pode impactar na balança e na qualidade de vida de quem sofre do problema.
"De 2% a 5% da população apresenta esse quadro. Entre os pacientes obesos, chega a 30%", diz o psiquiatra Adriano Segal, coordenador da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Saiba mais sobre a alteração e veja se é o caso de buscar ajuda.
Os principais sintomas
- Para o problema ser considerado Síndrome da Fome Noturna, segundo Segal, a pessoa precisa consumir mais da metade das calorias diárias entre 20h e 6h da manhã.
- Em certos casos, a pessoa pode chegar a acordar durante a madrugada para comer. Ela acredita que, se não for até a geladeira beliscar, não conseguirá dormir novamente.
- Insônia inicial, ou seja, muita dificuldade para pegar no sono.
- Falta de apetite durante a manhã.
- Mudança de humor à noite ou pela manhã.
As causas do problema
Nem os médicos sabem ao certo o que provoca a síndrome. "Sabe-se que tem alta associação com quadros depressivos e obesidade. Cerca de 30% dos obesos com indicação para cirurgia bariátrica têm a síndrome, mas não se consegue determinar o que é causa e o que é efeito...", diz Segal. "Esses pacientes têm um atraso no ritmo circadiano [relógio biológico que regula quando é hora de acordar, dormir, comer] e a fome chega só à noite", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo, do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Por dentro da síndrome
- É fato: no corpo de quem tem a síndrome, o nível de melatonina (hormônio responsável por "ligar" e "desligar" o estado de sono e de vigília) é menor. Isso acontece também com o nível de leptina (hormônio relacionado à sensação de saciedade). Tudo isso colabora para os ataques noturnos, justamente quando o metabolismo está mais lento. Resultado: aumento de peso.
- Mas não é só isso. Por não dormir bem, o nível de cortisol, hormônio do estresse, aumenta, assim como o risco de ter doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. Por isso, esse problema merece atenção.
Como é o tratamento
Neste caso, os ataques noturnos à geladeira não significam falta de vontade em controlar a fome. "O tratamento é feito, em geral, com uso de medicamentos como antidepressivos", explica Maria Edna. Acompanhamento psicológico e nutricional são recomendados. Regrinhas como fazer o lanche da tarde, evitando chegar em casa morta de fome, e comer em horários regulares, sem pular o café, também ajudam.
(texto publicado na revista Viva! Mais nº 793 - 12 de dezembro de 2014)
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