Essa inflamação intestinal, crônica, ocorre no homem e na mulher e em geral aparece em pessoas jovens. Trata-se de uma doença incômoda e constrangedora, pois, muitas vezes ao dia, o doente é obrigado a ir com urgência à toalete. Ela pode ser tanto discreta quanto grave e até desaparecer por um determinado período. Felizmente é controlável, resultando em melhor qualidade de vida.
De causa desconhecida, a retocolite ulcerativa é uma doença crônica do intestino grosso e reto. Ela se caracteriza pelo surgimento de uma inflamação, podendo provocar feridas na parede interna do cólon e do reto. A inflamação do cólon estimula muito seu movimento (diarreia), sendo responsável também pela cólica abdominal que precede a evacuação; já o comprometimento do reto provoca a necessidade repetida de defecar.
Os principais sintomas da doença são: diarreia de repetição, presença de sangue e muco nas fezes, dor abdominal, urgência para evacuar, febre de baixa intensidade e uma tendência par perda de peso. A doença pode se manifestar em homens e mulheres de todas as idades. É mais frequente, porém, em adolescentes e nos adultos jovens.
A dor abdominal com ou sem diarreia pode ocorrer a qualquer hora do dia e até à noite, acordando o doente para evacuar. Na fase mais aguda da doença, a frequência das evacuações é muito alta, mais de 10 vezes ao dia, o que compromete bastante sua vida pessoal e a profissional.
As crises de pequena intensidade e duração, que podem sumir espontaneamente, acabam interpretadas pelo doente como sendo intoxicações alimentares, o que retarda a consulta ao médico e, claro, o diagnóstico. Também pelo fato de ser pouco frequente, a doença costuma não fazer parte das hipóteses iniciais elaboradas pelo médico. Assim, além de causar desconforto por longo tempo, essa doença pode levar a lesões bastante graves, algumas irreversíveis, no reto e no cólon.
Portanto, um histórico bem detalhado é fundamental para a investigação correta do diagnóstico. Em geral, no exame do abdome, o paciente apresenta sensibilidade à palpação dos segmentos do cólon. O gastroenterologista irá pedir exames de sangue para confirmação da anemia, contagem do número de plaquetas, em geral aumentado, e da taxa da proteína C reativa, marcador sanguíneo da inflamação. Medidas dos índices de ferro, ferritina e albumina no soro complementam a investigação laboratorial. Procedimento indispensável ainda é um exame de imagem, representado pela deocolonoscopia, que permite reconhecer a presença da inflamação, suas características, extensão e gravidade, além da coleta de biópsias, para análise microscópica, que contribui pelo achado padrão de alterações frequentemente encontrado nessa doença.
O tratamento é feito com medicamentos, cujo objetivo é promover a diminuição do processo inflamatório. De início usa-se anti-inflamatórios que agem especificamente nos intestinos, a sulfassaslazina ou a mesalazina, drogas de uso contínuo com pico de ação em torno de duas a três semanas. Não havendo melhora, recomenda-se sua associação com corticosteroides por via oral, por tempo limitado.
Mas parte dos doentes pode não responder aos tratamentos citados. Para esses casos recomendam-se os imunossupressores, 6-mercaptopurina ou azatioprina, que agem reduzindo a resposta imunológica do organismo.
Há ainda outras classes de drogas, como os inibidores de calcineurina ou biológicos. Esses aprovados recentemente pela Anvisa para uso na reticolite, são uma boa opção para os doentes que não tiveram bons resultados com as outras terapias. Mas ainda não chegaram ao SUS nem são cobertos pelos planos de saúde.
(texto publicado na revista Caras edição 1106 - ano 22 - nº 3 - 16 de janeiro de 2015)
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