Grande parte dos brasileiros se alimenta de forma errada e leva uma vida sedentária. Por isso, nos últimos nove anos, aumentou 23% o número de adultos acima do peso. Pesquisa publicada recentemente pelo Ministério da Saúde alerta: a obesidade é o principal fator de risco para as doenças do coração, a hipertensão e o diabetes, que são responsáveis por 72% dos óbitos no País.
O levantamento Vigitel 2014, realizado pelo Ministério da Saúde com 40853 pessoas acima de 18 anos de todas as capitais, identificou também que há mais homens obesos (56,5%) do que mulheres (49,1%). Entre os jovens de 18 a 24 anos, 38% pesam acima do ideal e 61% dos adultos de 45 a 64 anos estão na mesma condição.
A pesquisa aponta a necessidade urgente de combater e deter o crescimento da obesidade no País. Isso porque os obesos são mais suscetíveis a males como colesterol elevado, hipertensão e doenças cardiovasculares (AVC, infarto e trombose). Têm também maior risco de desenvolver diabetes, pois o excesso de tecido gorduroso no organismo faz com que aumente a resistência à ação da insulina, levando o pâncreas a trabalhar mais do que o normal.
Pessoas acima do peso têm ainda maior propensão a doenças do aparelho digestivo, como cálculos da vesícula biliar, gastrite, colites e sobretudo câncer no intestino. Já o câncer de útero, o de cólon e o de mama incidem mais nas mulheres obesas do que nas que estão com o peso normal.
O peso excessivo é prejudicial à coluna, ao quadril, aos joelhos e tornozelos etc., podendo desencadear ou agravar doenças ósseas e musculares como osteoporose, artrites, bursites, tendinites, que em geral causam dores e comprometem a qualidade de vida.
Ao contrário do que muitos acreditam, a genética não é a principal responsável pela obesidade. O grande vilão é o estilo da vida moderna, ou seja, os hábitos adquiridos com o avanço da tecnologia e rotinas cada vez mais estressantes e sedentárias. É comum o indivíduo acordar atrasado, tomar só um café preto e sair de casa sem se alimentar. No almoço, opta por uma refeição rápida e pré-preparada, ou seja, com alto teor de gordura e excesso de carboidratos.
A maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma noção sobre nutrição, sobre quais alimentos são saudáveis e como balanceá-los. É comum comer, em uma única refeição, dois ou três tipos de carboidrato, exagerar na gordura e deixar fora do prato verduras e legumes. Quem deseja perder peso deve ter noções de nutrição, ou seja, buscar informações sobre os grupos alimentares e como balanceá-los.
No café da manhã, por exemplo, optar por fibras, frutas, leite desnatado e queijo sem gordura. Não substituir o almoço nem o jantar por sanduíches e ter sempre no prato uma fonte de proteína magra e verduras e legumes. Importante também a ingestão diária de frutas e líquidos. Um erro comum é ficar por longos períodos em jejum, em vez de distribuir melhor as refeições ao longo do dia.
Dietas milagrosas e rápidas geram frustração e perda de tempo - 90% desistem nos primeiros dias, adquirindo de novo os quilos perdidos com sacrifício. Diminuir peso exige mudança de hábitos. Muitos obesos precisam de acompanhamento de endocrinologista, nutricionista e, às vezes, até de apoio psicoterápico, pois a obesidade atrapalha a autoestima. Importante também é combater o sedentarismo. Para a Organização Mundial da Saúde, 48,7% das pessoas acima de 18 anos não são ativas suficientemente e 3,2 milhões de mortes todo ano ocorrem por falta de atividade física. Quem quer perder peso ou mantê-lo ideal, além de aprender a se alimentar de modo saudável, deve iniciar uma atividade física. Mas sem exageros, para adquirir um novo e prazeroso hábito.
(texto publicado na revista Caras edição 1120 - ano 22 - nº 27 - 3 de julho de 2015)
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