domingo, 23 de agosto de 2015

Risco cardíaco é maior do que se imagina


A chance de sofrer problemas cardiovasculares costuma ser muito mais elevada do que as pessoas imaginam; mesmo confrontadas com o risco, elas resistem a adotar hábitos saudáveis

A maioria de nós costuma ser muito otimista em relação a nosso próprio risco cardíaco, ou seja, a chance de que venhamos a sofrer um evento cardiovascular, como um infarto ou acidente vascular cerebral. É natural e humano não querer se preocupar com essas coisas, mas o melhor a fazer, principalmente se você já passou dos 40 anos, é consultar um cardiologista para saber sua situação real, e o que você pode fazer a respeito.

Segundo Thiago Matsuda, cardiologista do Hospital VITA Volta Redonda, existem tabelas para avaliar o risco cardíaco do paciente, que levam em consideração os fatores mais importantes para que a pessoa apresente problemas cardiovasculares. "Quanto maior o número de fatores em que a pessoa se encaixa, maior o seu risco", diz Matsuda. Ele lembra que ainda assim é impossível prever quem vai ter ou não um infarto, mas que podemos buscar diminuir a chance de que aconteça conosco.

Mudança de hábitos

Faz parte da rotina de trabalho dos cardiologistas identificar riscos cardíacos nos pacientes e sugerir mudanças, principalmente na alimentação e atividade física, para reduzi-los. "Essa é a parte difícil", diz José Eduardo Marquesini, cardiologista do Hospital VITA e do Hospital do Coração; "fazer com que as pessoas adotem hábitos saudáveis". Segundo ele, alguns poucos pacientes assimilam bem as recomendações, mas a maioria resiste.

Mesmo confrontadas a um alto risco e à perspectiva de ter problemas cardíacos, a reação dos pacientes varia. "Todos nós temos um estilo de vida, adquirido ao longo de décadas, e é muito complicado pedir para modificar isso", diz Marquesini. Ele afirma que às vezes nem mesmo um infarto é suficiente para que a pessoa mude. "Vejo infartados, que sofreram cirurgia cardíaca e continuam fumando". Também é comum que a pessoa mude os hábitos logo depois de um trauma, como um infarto, mas depois do susto começa a retornar lentamente aos antigos hábitos.

Para alcançar uma mudança real, que diminua o risco cardíaco, Marquesini busca explicar aos pacientes os mecanismos de como as mudanças podem trazer benefícios, e também sugere apoio psicológico, por exemplo, para ajudar a abandonar o tabagismo.

30 minutos por dia

Uma das formas mais eficientes e fáceis de seguir para reduzir o risco cardíaco é sair do sedentarismo absoluto, explica Matsuda, e para isso basta caminhar 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. "É o mínimo recomendado de atividade física, mas já ajuda muito", afirma. Ele também alerta que o fator de risco mais importante é a idade, portanto quanto mais idosa a pessoa, maior deve ser seu cuidado com a saúde.

Os médicos admitem que esses pedidos de mudança na alimentação e nos hábitos são complicados, principalmente porque se pede um grande esforço e a recompensa é... 'não ter nada', ou seja, não desenvolver uma doença em potencial. Mas adotar hábitos saudáveis vale a pena, eles vêm acompanhados do bem estar que a atividade física e a redução de peso trazem, além de preparar a pessoa para aproveitar a terceira idade com mais saúde e independência.

Principais fatores de risco

Veja nesta tabela os principais fatores que podem elevar o seu risco cardíaco; alguns deles podem ser controlados, como sedentarismo e tabagismo, enquanto outros não, como a idade e o sexo.

- Idade (quanto mais idoso, maior o risco)

- Sedentarismo

- Obesidade

- Gênero (homens correm maior risco que mulheres)

- Hipertensão

- Diabetes

- Fatores hereditários

- Má alimentação

- Estresse

- Níveis de colesterol (avaliados pelo cardiologista)




(texto publicado na revista Vital ano XIV - 4º trimestre de 2014)

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