domingo, 16 de agosto de 2015

Diário de vida: Entrevista com Johanna Basford, autora dos livros de colorir Jardim Secreto e Floresta Encantada


"Vivo na minha própria bolha"

Jardim Secreto, o primeiro dos livros de colorir a estourar no Brasil, vendeu 960 000 exemplares. Floresta Encantada já chegou a 620 000. Lançados em mais de vinte países, os dois livros são criação da ilustradora escocesa Johanna Basford, 32 anos. De Edimburgo, onde mora, ela falou a VEJA sobre sucesso e - que surpresa - sobre tranquilidade.

Esperava esse sucesso?

Não me passou pela cabeça jamais que os livros se tornariam best-sellers em tantos países. Minha ambição era apenas criar um livro bonito a ponto de eu mesma ter vontade de colorir. Jardim Secreto e Floresta Encantada estão esgotados em vários países. Meus editores estão contatando outros fornecedores de papel nos Estados Unidos e na Europa para tiragens adicionais, e minha caixa de e-mail está repleta de pessoas chateadas com o que chamam de "escassez mundial" dos meus livros. Olha que loucura!

Pintar ajuda mesmo a desestressar?

Sim. Vivemos todos agora muito ocupados e conectados digitalmente. Colorir oferece uma oportunidade muito bem-vinda de se desconectar. Ficamos imersos em apenas uma tarefa, sem a vibração constante do Twitter nem os chamados do Facebook. Esse sentimento de estar absorvido em uma única atividade - em uma tarefa analógica, que não envolve telas - é muito reconfortante. É o que sinto quando desenho.

Como é sua rotina?

Acordo muito cedo porque tenho uma filha pequena, Evie. Tenho de fazer o café da manhã dela e aguentar as manhas matinais. Depois, ando com meu cachorro pelos campos que cercam minha casa. Tenho uma abençoada babá que cuida da Evie enquanto eu trabalho no sótão. Na hora em que subo, checo meus e-mails e as redes sociais e, em seguida, me desconecto da internet e começo a desenhar. E bem desconectada. O momento mais calmo é quando estou no meu estúdio criando uma nova ilustração. Tenho obrigações, listas de coisas para fazer - mas vivo na minha própria bolha.

É verdade que a senhora começou a carreira com um estúdio que fazia papel de parede e tecido para lojas e hotéis de luxo?

Sim, e quase fali com esse negócio quando a crise financeira bateu. Minha fonte secou. Tive de pensar rapidamente sobre o meu futuro. Decidi mudar radicalmente e, depois que mudei, foi um alívio enorme. Fechei o estúdio que tinha, vendi todo o equipamento e me estabeleci na mesa da salinha do meu apartamento de um quarto. Ora, o desenho sempre foi a minha paixão. Comecei a trabalhar como ilustradora freelancer, criando desenhos a tinta para clientes ao redor do mundo. Cada semana, eu trabalhava com alguém novo e criava ilustrações na minha mesa. Não tinha grandes despesas e tudo o que possuía era um laptop, um scanner e algumas canetas. Foi a melhor decisão que tomei.





(texto publicado na revista Veja edição 2432 - ano 48 - nº 26 - 1º de julho de 2015)



Eis mais algumas das minhas "obras de arte"




















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