sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Abelhas a serviço da saúde - Paulo Martinho



Mel, própolis e geleia real, produtos 100% naturais que fazem bem à saúde

Primeiro adoçante conhecido pela humanidade, desde a Antiguidade, o mel é um alimento amplamente utilizado - e reverenciado - por muitas culturas diferentes. Da Grécia ao antigo Egito, passando pelo Império Romano, China, Índia, povos árabes e da Babilônia, este produto das abelhas repleto de indicações sobre o seu uso é sinônimo de energia, saúde e longevidade, tanto pelas suas qualidades nutritivas quanto pela sua capacidade de cura e prevenção de muitas doenças.

Há inúmeros fatos relacionados ao mel ao longo da História. Os egípcios tinham o costume de conservar a carne embebida em mel durante suas longas viagens, assim como os romanos, que também aplicavam o produto em peixes e frutas com o mesmo objetivo. Voltando ao presente, a ciência estuda e reconhece seus benefícios. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que ele possui mais de 70 substâncias benéficas ao organismo humano, como água, carboidratos, ferro, sódio, potássio, cobre, zinco, fósforo, enxofre, selênio, cálcio, magnésio, vitaminas A, C, E e do complexo B, assim como alguns aminoácidos.

No tratamento de doenças, o mel é forte aliado no combate às infecções, gripe, asma e amigdalite, assim como na restauração dos músculos e circulação sanguínea - pesquisas demonstram que age como estimulante na formação de glóbulos vermelhos no sangue, devido à presença de ácido fólico. Com ação desintoxicante e antisséptica, de rápida digestão, também é benéfico ao sistema nervoso, além de ajudar na cicatrização de feridas e queimaduras.

Para a dra. Gabriela Paschoal, nutricionista do Departamento Científico da VP Consultoria, na capital paulista, o mel, por conter altas concentrações de sacarose e frutose, deve ser evitado por pacientes diabéticos ou com resistência periférica à insulina, principalmente quando constumido de maneira isolada. No entanto, ressalta seus pontos positivos.

"O mel possui propriedades antibacterianas e reconhecida atividade anti-inflamatória, antiviral e antiparasitária. Também pode ser considerado um alimento antioxidante devido à presença de flavonoides e ácidos fenólicos. Além disso, um estudo mostrou que os efeitos anti-inflamatórios do mel exerceram grande eficácia sobre um modelo experimental de colite (inflamação intestinal)", argumenta.

Esse alimento pode ser considerado um bom substituto do açúcar refinado, pois contém nutrientes e benefícios, o que não se aplica ao açúcar. Vale lembrar que, como tudo na vida, é preciso manter o equilíbrio, pois o seu uso exagerado pode predispor à diabetes do tipo 2 e ocasionar ganho de peso.

A nutricionista Izabela Cunningham Pimenta, da Clínica Trinutrix, em Belo Horizonte (MG), explica que diversas doenças, como as cardiovasculares, reumáticas, neurológicas e psiquiátricas, assim como o envelhecimento precoce, osteoporose, inflamação e mesmo o câncer, podem ocorrer devido aos altos níveis de radicais livres produzidos em nosso organismo.

"O mel é rico em substâncias antioxidantes que irão combater tais radicais livres, seja controlando, seja prevenindo essas doenças", comenta a nutricionista, esclarecendo que, popularmente, o alimento é utilizado em casos de dores e infecções de garganta, na maioria das vezes causadas pela bactéria Streptococcus pyogenes.

De acordo com a nutricionista, o mel não deve ser consumido por crianças menores de 2 anos. Até essa idade, o aparelho digestivo da criança ainda está em fase de maturação e não se apresenta completamente preparado para se defender de bactérias como Clostridium botulinum, causadora do botulismo. "O botulismo infantil é uma doença que atinge o sistema nervoso, prejudicando a contração muscular e levando à paralisia dos músculos, podendo causar a morte por parada respiratória, caso atinja a musculatura do diafragma, responsável pela respiração. Dessa forma, é mais seguro adiar a introdução do mel na alimentação da criança", enfatiza Izabela Pimenta.

Própolis, antibiótico natural - Uma das muitas tarefas das abelhas na sua complexa organização de trabalho é coletar substâncias resinosas em brotos e cascas de árvores, as quais misturadas com cera e enzimas salivares geram a própolis. Na colmeia, esse produto tem a função de vedar pequenas fissuras para mantê-la aquecida e, ao mesmo tempo, manter o ambiente interno livre de qualquer tipo de agentes infecciosos. No uso em seres humanos, a própolis também atua como poderoso elemento antibacteriano contra infecções do organismo e amplia a capacidade de defesa do sistema imunológico.

"Na própolis existem numerosos compostos químicos. Observam-se propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, além de exercer importante atividade antioxidante, sendo importante na prevenção de uma série de doenças, como o câncer. Contudo, deve-se observar o tempo de uso, no caso não muito prolongado, pois a utilização em longo prazo e em quantidades elevadas pode levar à hepatotoxicidade (sobrecarga tóxica no fígado)", explica a dra. Gabriela Paschoal.

Geleia real, da rainha - Produzida pelas glândulas das abelhas jovens, a geleia real é uma substância clara, de consistência pastosa e feita apenas para alimentar a abelha-rainha durante o seu ciclo de vida. Para se ter uma ideia, o tamanho da abelha-rainha é cerca de quatro vezes maior do que o de uma abelha operária, que vive de 45 a 60 dias, enquanto a que se alimenta com a geleia real pode chegar a cinco anos.

Na utilização para alimentação humana, a dra. Gabriela Paschoal explica que há evidências de que a geleia real exerça importante ação antimicrobiana e cicatrizante. Até o momento, não foram descritas contraindicações para o uso desse alimento, a não ser que o indivíduo apresente hipersensibilidade aos seus componentes.

"Ela traz diversos benefícios à saúde, pois promove a ação antibacteriana, hipocolesterolemiante (na redução do LDL, considerado como o mau colesterol), antialérgica e antifadiga. Um estudo mostrou que a geleia real foi eficaz na redução dos níveis totais de colesterol com normalização dos níveis de HDL (bom colesterol) e do LDL, em indivíduos portadores de aterosclerose. É mostrado que a geleia real exerce ação sobre o metabolismo lipídico e pressão arterial, sugerindo-se que o seu consumo possa ser uma armá útil na prevenção e no tratamento da hipertensão e hipercolesterolemia (elevação do colesterol)", diz.

Na opinião da nutricionista Izabela Pimenta, a redução dos níveis do LDL é muito importante. "A aterosclerose é uma  doença na qual os vasos sanguíneos são progressivamente obstruídos por placas gordurosas. Quando a aterosclerose afeta artérias de órgãos nobres, como coração ou cérebro, geralmente é fatal. Ao reduzir o LDL, há redução da formação dessas placas, afastando, portanto, o risco de doenças do coração", conclui.



(texto publicado na revista Família Cristã nº 922 - ano 78 - outubro de 2012)

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