quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Cinema nacional: Mito do duplo move "Um homem só" - André Marcondes


Algo que fascina as pessoas há tempos é o mito do duplo. A palavra alemã dopperlgänger (doppel = duplo; gänger = que anda) é usado para se referir ao fantasma ou simulacro de uma pessoa viva. O tema é frequentemente abordado na literatura e no cinema. Em "Um Homem Só", que estreia amanhã, a roteirista Claudia Jouvin faz seu début como diretora, e se apropria da crença do duplo para criar uma mistura de comédia romântica, drama cotidiano e ficção científica.

"Eu fazia televisão e tinha muita vontade de trabalhar com cinema. Um dia, tomando uma cerveja com a Mariana [Ximenes] e a [produtora] Maria [Carneiro da Cunha], surgiu a ideia de fazermos esse filme. Foi uma empreitada que demorou quase sete anos, deu uma trabalheira danada, mas gerou uma satisfação enorme após o término", conta Claudia.

O longa nos apresenta Arnaldo (Vladimir Brichta), um homem frustrado, preso a um casamento falido e a um emprego que detesta. Até o dia que conhece Josie (Mariana Ximenes), bela e excêntrica ruiva, que trabalha com a tia em um cemitério de animais. Apaixonado, Arnaldo toma coragem e procura clínica clandestina que produz cópias de seres humanos. Acredita que um duplo será a solução para seus problemas.

Questionado sobre a complexidade de interpretar dois papéis, o ator Vladimir Brichta brincou. "Minha única preocupação era que o dublê corresse do mesmo jeito que eu". Já Mariana elogiou o colega dizendo que "ele conseguiu imprimir uma identidade absurda em cada um dos Arnaldos".

"Foi um trabalho excepcional, pois são dois personagens muito distintos, e consigo ver qual é qual de maneira muito sutil e ao mesmo tempo profunda", fala a atriz.

Aposta

"Um Homem Só" se arrisca no gênero ficção científica. O cinema está em constante crescimento e sempre há espaço para novos formatos. Quis fazer uma ficção porque é um modelo pouco explorado aqui", diz a diretora.

Como Mascarenhas, melhor amigo de Arnaldo, Otávio Müller ganhou o Kikito de melhor ator coadjuvante no Festival de Gramado 2015. O filme também levou prêmios de melhor fotografia (Adrian Teijido) e atriz (Mariana Ximenes).




(texto publicado no jornal Destak  edição 2466 - ano 11 -28/09/2016)

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