Para levar uma vida mais realizada e com mais sentido, o primeiro passo é descobrir quem somos de verdade
"Seu propósito de vida é ser você. Não acredite que você existe para um projeto especial. A sua existência já é extraordinária." É assim que a coach Paula Abreu começa a falar em seu livro Escolha Sua Vida (Sextante) sobre uma questão tão recorrente em nossos dias: a busca da felicidade. O caminho, segundo ela, é mergulhar em uma autodescoberta. "Ficamos presos a conceitos e histórias que nos foram impostos ao longo de nossa existência, e o medo (de fracassar ou até mesmo de algo dar certo) precisa ser deixado de lado se quisermos realizar nossos sonhos." Entenda quais são os passos para você chegar lá...
Não tema arriscar
Quando somos crianças, muitas vezes sabemos o que queremos. A gente pensa em algo que gostaria de fazer e ser feliz. Mas depois que crescemos e descobrimos que isso é algo complicado - temos que cumprir uma série de etapas. E assim vamos ganhando um montão de camadas que não eram nossas. Quando conseguimos nos despir delas, surge o diferente e, daí, vem o medo. "O sentimento é proveniente da falta de clareza do que realmente queremos. A pergunta é: qual felicidade você quer? A de verdade ou aquela que todo mundo vai entender como felicidade?", diz Paula.
Seja autêntica
O seu propósito de vida deve ser você. Quando descobre quem é e expressa a sua verdade, acontece um despertar incrível. Você fica mais consciente das camadas adquiridas e dos condicionamentos que não a representam. "Percebo as pessoas tensas nessa fase e costumo aconselhar que fiquem calmas, porque o resultado certamente é a felicidade", afirma a coach. Para atingir a autenticidade, faça o que você gosta, sem medo do que os outros vão falar ou de decepcionar alguém. Então você aprende a dizer "não". Ao saber o que é e o que quer você consegue dizer "não" com liberdade e entende que isso é essencial para não tirá-la daquilo que ama. É um "sim" para você!
Descubra quem você é
O jeito mais eficiente é se fazer perguntas. Se não obtiver as respostas que espera, crie questionamentos diferentes. Em vez de reclamar da sua realidade, procure o que pode aprender com o desafio. "Incentivo as pessoas a criar um caderno do eu. Listar o que amam e odeiam, os seus valores... E sugiro que, todos os dias, escrevam duas perguntas e saiam pelo mundo em busca de respostas", explica Paula. Enquanto você não parar para refletir sobre si mesma nada vai mudar. Nosso eu está embaixo de camadas de crenças e valores, e a tendência é buscarmos ser como todo mundo. "De acordo com o psiquiatra suíço Carl Jung, imitar os outros é algo útil para o coletivo, mas muito nocivo para a individualidade", alerta Paula.
Aprenda a se expressar
É bom saber que você não vai agradar a todos nessa jornada. Quando a gente se expressa, tem que abraçar a vulnerabilidade. É muito melhor agradar quem vai gostar de você por ser quem você é. Não queira que as pessoas curtam você pela roupa que está usando ou pelo cargo que ocupa. Elas devem ter empatia pela sua essência. "Eu, por exemplo, sou uma coach descontraída. Já atendi clientes em sessões que toquei ukulelê (instrumento de cordas) e fiz trampolim! Não sei, mas eu faço. Quem procura uma imagem de profissional contido não virá até mim, mas outros chegarão justamente por se identificarem com meu jeito", comenta Paula.
Saiba lidar com as críticas
Quando você está tranquila em relação ao que vem fazendo e percebe que a crítica, na verdade, tem a ver com a essência do outro - e não com você - tudo fica mais claro e fortalece a sua autenticidade. Suponha que você decida não ter mais carro e os seus conhecidos se sintam incomodados. Mas é um incômodo deles, percebe? Eles acreditam que não dá para viver sem um automóvel; no entanto, acabam sendo obrigados a pensar sobre a questão, e isso gera um desconforto. "Então o segredo é sempre captar se a crítica é uma questão individual dos demais ou se você está prejudicando alguém ou a si mesma", garante Paula. Vale lembrar que ao fazermos uma escolha não convencional nos tornarmos um holofote, e as pessoas sentem que também deveriam agir diferente.
Realize os seus sonhos
Muita gente tem medo de fazer algo que dá certo. "Tive uma cliente que queria emagrecer, mas nunca conseguia. E chegamos à conclusão de que ela tinha a fantasia de que quando ficasse magra, seria mais popular e não saberia como reagir a isso, pois era tímida. Ou seja, o medo fez ela criar uma história na cabeça. Ao longo do trabalho de coaching, coloquei como desafio que, todos os dias, ela tivesse uma conversa com um desconhecido. Costumo dizer que, além da clareza que ajuda a superar o medo, você também precisa agir para realizar os seus sonhos", ensina Paula.
Não adie a felicidade
Dar a desculpa de não ter concretizado os seus desejos por perfeccionismo é mentir para si mesma. De acordo com a coach, ninguém é perfeito e só se atinge a perfeição aperfeiçoando. "Se está empacando porque fica planejando demais, você pode até chegar a um projeto perfeito, porém todo plano precisa de um campo de batalha. Na prática, as coisas mudam e você verá o que deve ser ajustado. Haverá obstáculos com os quais não contava. Quem coloca a culpa no perfeccionismo está com medo ou insegurança. A pessoa que espera ter a melhor câmera para começar a fotografar corre o risco de nunca fazer uma foto."
Arranje tempo para mudar
Além da procrastinação, as pessoas colocam na falta de tempo a culpa para não mudar. Isso acontece porque, em geral, desperdiçamos horas a fio com o que não importa. Você diz que não tem tempo, no entanto assiste a várias novelas, fala no WhatsApp em diversos grupos... Perdem-se horas em pedacinhos, que, quando acumuladas, resultam em muito tempo. Cinco minutos aqui, 15 ali e, quando se vê, uma hora se passou, período suficiente para fazer algo que você ama. Sugestão para não vacilar: faça uma lista com todas as suas atividades durante uma semana inteira. Isso inclui o horário em que o relógio despertou e você levou para sair da cama, ok? Essa grande lista vai ajudar a avaliar o que pode ser delegado ou eliminado.
X da questão
É preciso se distanciar do todo para compreender quais valores e sonhos são nossos. E, assim, descobrir o que nos faz feliz.
(texto publicado na revista Máxima edição 77 - ano 7 - nº 5 - setembro de 2016)
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