A palavra dialeto deriva do grego dialektos, que significa "discussão", "conversação" e também "língua". Nas línguas modernas o termo dialeto assumiu o significado de "fala regional" em oposição à língua (nacional). Na prática, a distinção é de natureza histórica e cultural, mais do que linguística. Como dizia o linguista Max Weinreich "uma língua é um dialeto com exército e marinha".
Em quase todos os países europeus (mas não em Portugal) existem dialetos ricos de tradições literárias, que foram suplantados depois pelo idioma nacional. Na Itália, por exemplo, não somente cada região possui seu dialeto específico, mas existem, certamente, diferenças a nível de cada cidade. Assim, por exemplo, o dialeto ligure falado em Gênova é diferente não só do piemontese, mas também do mesmo ligure falado em Imperia e La Spezia. São muito grandes as diferenças entre os dialetos regionais de regiões distantes uma das outras. Em particular, entre os dialetos falados no Norte da Itália e aqueles do Sul: por exemplo, existem mais semelhanças entre o piemontês e o francês (ex. buchêt em piemontês, como bouquet em francês, em vez de mazzo, ramo em italiano) do que entre os piemonteses e os calabreses (este último conserva sem dúvida traços do grego antigo, como por exemplo simitu em lugar de confine, confim, do grego sématon ou catu em vez de secchio, balde, do grego kàdos).
Entre todos os dialetos italianos, o dialeto da região Toscana, tem assumido importãncia especial. Em concordância com a Unificação da Itália (há 151 anos), o toscano foi adotado como língua oficial da região (mesmo se era já imposto como língua literária, prevalecendo muito antes certamente no final da Era Medieval, com as obras de Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio). O toscano (em prática o italiano) se distingue pelo forte conservadorismo em relação ao latim (manutenção das vogais finais, ausência da mudança das vogais internas das palavras).
Com o tempo o falar toscano não obstante o protesto dos puristas, foi contaminado pelos outros falares italianos, seja em respeito à pronúncia das palavras, seja em respeito ao próprio léxico. E nos últimos sessenta anos foi muito grande a influência da televisão, que contribuiu para difundir (e em alguns casos até criando) uma espécie de italiano modelo, que agora se constitui na língua falada em todo o país.
Não obstante as tentativas de revitalização dos falares regionais e o recente interesse renovado pelo estudo dos dialetos, eles são falados principalmente nas zonas rurais (em particular no Sul) e pelas pessoas mais velhas. Nas cidades e sobretudo entre as gerações jovens, o italiano televisivo (falado com sotaque, cadência e enxertos lexicais de cada região) constitui agora na "língua livre" de todo o país.
Meglio un uovo oggi che una gallina domani
Piemonte: a l'é mej 'n euv ancheuj che na galina doman
Lombardia: mej un öv incö che una gaina duman
Liguria: megiu un evo ancö che na galina duman
Veneto: meio un óvo incó che na gaina doman
Friuli: miôr un ûf uè che una gjaline doman
Emilia: l'e mej un óv incù che na galèina edmèn
Toscana: megl'un òvo oggi che una gallina domani
Marche: mejo un óu oghi d'una gajna domà
Umbria: xe mégio un vòvo incùo che una gaina doman
Abruzzo: mejio n'ovu oggi che na gallina domà
Molise: meghe n'uóva de ùia che na gallina demàn
Lazio: mejjo l'ovo oggi ch'a gallina domani
Campania: meglie ll'uóve ogge c'a jalline rimane
Puglia: megh l'uov osc che na gaddina dumani
Basilicata: megl'n'uve ósce ca na gaddina dumana
Calabria: miegliu òje l'uovu ca dumani a gaddina
Sicilia: megghiu òji l'òvu ca rumani a jaddina
Sardegna: menzus unu óu òje ki no una pudda crasa
(La comunicazione linguistica - Giuseppe Pittano)
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