terça-feira, 4 de agosto de 2015

Aprenda a identificar o TOC - Dr. Leonard F. Verea


O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um quadro mais comum do que imaginamos, tem ligação com a ansiedade e caracteriza-se pela presença de obsessões e rituais compulsivos. O TOC acomete cerca de 2,5% da população geral, sendo considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente, ocorrendo entre homens e mulheres.

Costuma ter dois tipos de manifestações: as obsessões ou ideias obsessivas e a compulsões ou rituais compulsivos. As obsessões são ideias ou imagens que vêm à mente da pessoa independentemente de sua vontade e repetidamente. Embora a pessoa saiba que são ideais sem sentido, não consegue evitar de pensá-las. São frequentes as ideias relacionadas à religião, ao sexo, à agressão, à contaminação (por exemplo, a pessoa tem ideias repetidas de que suas mãos estão contaminadas por ter tocado em objetos "sujos"). As compulsões são atos ou rituais que o indivíduo se vê obrigado a executar para aliviar ou evitar as obsessões. Se a pessoa não executa o ato compulsivo, ela fica muito ansiosa. Os rituais são repetidos numerosas vezes, apesar da sensação que a pessoa tem de que não fazem sentido.

Mania de limpeza é a mais característica, mas ela pode se expressar de muitas outras maneiras. A mania fica caracterizada como doença quando a pessoa tem a necessidade de repetir seus atos de forma compulsiva, ou seja, não consegue se controlar, faz sem perceber ou ainda não consegue impedir o ato por sua vontade. As pessoas com esses sintomas costumam ter uma personalidade muito própria. São pessoas extremamente escrupulosas, costumam ser formais e distantes no relacionamento e frias afetivamente. Costumam ser autoritárias quando elas ocupam postos de liderança e temerosas e tímidas quando não estão nesta posição. Intimamente são medrosas embora não admitam, fazendo-se fortes.

O transtorno obsessivo compulsivo inicia em geral no fim da adolescência, por volta dos 20 anos, mas pode se manifestar em crianças também. Em geral, a doença evolui com períodos de melhora e piora. Com o tratamento adequado há um controle satisfatório dos sintomas, embora seja pouco frequente a cura completa da doença. Muitos portadores de TOC apresentam também outros transtornos como fobia social, depressão, transtorno de pânico e alcoolismo.

Outras disfunções mentais como a tricotiomania (arrancar pelos ou cabelos), o distúrbio dimórfico do corpo (ideia fixa de que há um pequeno defeito no corpo, em geral na face) e a síndrome de Tourette (síndrome dos tiques) parecem estar relacionados ao TOC. Como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos são sem sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando conversar sobre esse assunto e relutando em procurar auxílio médico psiquiátrico. O tratamento do transtorno obsessivo compulsivo envolve a combinação de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, em geral em doses elevadas e por  tempo bastante prolongado.



(texto publicado na revista Contigo edição nº 2044 - 20 de novembro de 2014)

Nenhum comentário:

Postar um comentário