Projeto para receber atletas é aprovado pelo Comitê Internacional e dá fôlego para continuarmos entre os 10 melhores
A Rio 2016 ainda não acabou: entre os dias 7 e 18 de setembro ocorrerão os Jogos Paralímpicos na cidade do Rio de Janeiro. Contando com a participação de paratletas de 176 países diferentes e que disputam o total de 23 esportes, a competição promete movimentar todo o Brasil. Isso porque as delegações estrangeiras têm seus locais de treinamento pré-jogos, no país, localizados no Rio mas também em outros 17 estados brasileiros. O Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (Cepeusp) é um dos responsáveis por abrigar o treinamento de atletas paralímpicos na capital paulista, além de locais como o Club Atlético Paulistano, onde treinam paratletas do futebol de cinco; os SESCs Belenzinho e Itaquera que recebem equipes de tênis em cadeira de rodas e a Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), onde se preparam paratletas do judô.
Do dia 26 até o dia 31 de agosto, o Cepeusp recebe paratletas brasileiros de remo e da canoagem que utilizarão a raia olímpica para treino. Além disso, dois paracanoistas, uma chilena e um argentino, fazem sua preparação para a Rio 2016 no mesmo local, entre os dias 21 de agosto e 2 de setembro.
Segundo o professor Carlos Bezerra de Albuquerque, diretor do Centro de Práticas Esportivas, o Comitê Olímpico Internacional abriu processo de seleção dos locais para treinamento dos pré-jogos no Brasil durante os jogos de Londres em 2012. Por cumprir requisitos como acessibilidade e adequação das pistas e vestiários aos paratletas, o Cepeusp se candidatou e, a partir do ano seguinte, passou a ser procurado por federações de alguns países. "No caso do remo e da canoagem, as delegações que nos procuraram o fizeram porque já conheciam a raia, uma vez que seus paratletas já haviam treinado aqui", afirma Albuquerque.
Ainda sim, apesar da procura pelo Cepeusp ter ocorrido, o diretor afirma que ela aconteceu de maneira um pouco "tímida". Ele acredita que os motivos para isso tenham sido a facilidade de treinamento nos próprios locais de competição paralímpica na capital carioca, por exemplo, ou uma possível economia de recursos com transporte dos paratletas entre as cidades.
Rotina olímpica
A catarinense Josiane Lima e o carioca Michel Pessanha fazem parte do grupo de paratletas que realizaram seus treinos pré-jogos na raia olímpica da Cidade Universitária. Praticantes de remo, os dois são parceiros na categoria Double Skiff, que é disputada por duplas de remadores que utilizam tronco e braço para se movimentar.
Josiane faz parte da equipe paralímpica de remo desde 2006, quando o esporte começou a tomar forma no Brasil. Por isso mesmo, não é a primeira vez que ela realiza seus treinos nas dependências da USP, espaço frequentemente escolhido para a prática dos exercícios das federações olímpicas e paralímpicas brasileiras.
No ano de 2005 foi instituída, pelo governo federal, a Bolsa Atleta: programa de incentivo direto a atletas de alto rendimento de todo o Brasil, que é dividida em seis categorias de auxílio oferecidos pelo Ministério do Esporte: Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpico/Paralímpico e Bolsa Pódio. Esta última foi criada em 2012, após a escolha do Brasil como sede dos jogos de 2016. Sendo a bolsa que Josiane e Michel recebem desde o ano passado, ela é destinada a atletas e paratletas que possuem chances de disputar medalhas nos jogos Rio 2016.
A paratleta Josiane acredita que investimentos como esse, da Bolsa Atleta, vêm aumentando nos últimos dez anos e que eles representaram um grande incentivo à escolha do Rio de Janeiro como sede dos jogos deste ano.
De acordo com a Lei Nº 10.264 (conhecida como Lei Agnelo/Piva), que foi instituída em 2001 e, desde então, já sofreu algumas alterações, 2,7% da arrecadação bruta das loterias federais devem ser destinadas ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), na proporção de 62,96% para o COB e os demais 37,04% para o CPB. Após o repasse, cabe a ambos os comitês a distribuição do dinheiro entre as suas modalidades. Por isso, para Josiane, "o investimento vem crescendo muito e não é à toa que o Brasil melhorou demais seus resultados nos jogos olímpicos deste ano, por exemplo". Segundo ela, esses resultados positivos deverão se refletir nas paralimpíadas: 'nós temos a pretensão de que o Brasil fique entre os cinco melhores países no ranking geral, e acredito que tudo vai dar certo para que isso aconteça".
Apesar do crescente investimento do país nos esportes olímpicos e paralímpicos, Josiane considera que o governo brasileiro ainda precisa focar na criação de uma ligação mais forte entre o esporte e a educação, com projetos nas escolas, de maneira que isso possa trazer mais oportunidades, especialmente para as crianças mais carentes.
"Infelizmente o esporte ainda não é acessível para todos. Falta acontecer uma ligação maior entre os clubes esportivos, as prefeituras e os governos estaduais", na opinião da paratleta.
O Brasil na competição
A primeira edição dos Jogos Paralímpicos ocorreu no ano de 1960, na cidade de Roma, na Itália. A entrada do Brasil na competição aconteceu mais tarde, já em 1972, na edição de Heidelberg, na Alemanha. A estreia brasileira foi acanhada, com a participação de apenas 20 paratletas (todos homens) e sem a conquista de nenhuma medalha. Quatro anos mais tarde, o país subiu ao pódio pela primeira vez na competição: Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos "Curtinho" foram os responsáveis pelo feito, ganhando medalha de prata no lawn bowls, espécie de bocha disputada na grama.
A partir da edição de 1984, os paratletas brasileiros não pararam mais de receber medalhas. Em 1996, a comissão de paratletas bateu recorde de participação feminina, com um total de 19 mulheres - na seis edições anteriores do evento, apenas 29 haviam jogado. Já em 2004, o país viu todo o investimento da Lei Agnelo/Piva surtir efeito no número de vezes em que paratletas subiram ao pódio: foram 33 medalhas conquistadas no total, sendo 14 de outro. E se esses resultados já eram positivos, a partir das Paralimpíadas de 2008 o Brasil não saiu mais da lista dos 10 melhores países na competição, com direito a mais de 20 medalhas de ouro na edição de 2012 e de quebra de expectativas com a vitória do velocista brasileiro Alan Fonteles na prova dos 200 metros da classe T44 (para amputados), sobre o sul-africano Oscar Pistorias, até então considerado o favorito na prova.
Ainda sim, apesar da procura pelo Cepeusp ter ocorrido, o diretor afirma que ela aconteceu de maneira um pouco "tímida". Ele acredita que os motivos para isso tenham sido a facilidade de treinamento nos próprios locais de competição paralímpica na capital carioca, por exemplo, ou uma possível economia de recursos com transporte dos paratletas entre as cidades.
Rotina olímpica
A catarinense Josiane Lima e o carioca Michel Pessanha fazem parte do grupo de paratletas que realizaram seus treinos pré-jogos na raia olímpica da Cidade Universitária. Praticantes de remo, os dois são parceiros na categoria Double Skiff, que é disputada por duplas de remadores que utilizam tronco e braço para se movimentar.
Josiane faz parte da equipe paralímpica de remo desde 2006, quando o esporte começou a tomar forma no Brasil. Por isso mesmo, não é a primeira vez que ela realiza seus treinos nas dependências da USP, espaço frequentemente escolhido para a prática dos exercícios das federações olímpicas e paralímpicas brasileiras.
No ano de 2005 foi instituída, pelo governo federal, a Bolsa Atleta: programa de incentivo direto a atletas de alto rendimento de todo o Brasil, que é dividida em seis categorias de auxílio oferecidos pelo Ministério do Esporte: Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpico/Paralímpico e Bolsa Pódio. Esta última foi criada em 2012, após a escolha do Brasil como sede dos jogos de 2016. Sendo a bolsa que Josiane e Michel recebem desde o ano passado, ela é destinada a atletas e paratletas que possuem chances de disputar medalhas nos jogos Rio 2016.
A paratleta Josiane acredita que investimentos como esse, da Bolsa Atleta, vêm aumentando nos últimos dez anos e que eles representaram um grande incentivo à escolha do Rio de Janeiro como sede dos jogos deste ano.
De acordo com a Lei Nº 10.264 (conhecida como Lei Agnelo/Piva), que foi instituída em 2001 e, desde então, já sofreu algumas alterações, 2,7% da arrecadação bruta das loterias federais devem ser destinadas ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), na proporção de 62,96% para o COB e os demais 37,04% para o CPB. Após o repasse, cabe a ambos os comitês a distribuição do dinheiro entre as suas modalidades. Por isso, para Josiane, "o investimento vem crescendo muito e não é à toa que o Brasil melhorou demais seus resultados nos jogos olímpicos deste ano, por exemplo". Segundo ela, esses resultados positivos deverão se refletir nas paralimpíadas: 'nós temos a pretensão de que o Brasil fique entre os cinco melhores países no ranking geral, e acredito que tudo vai dar certo para que isso aconteça".
Apesar do crescente investimento do país nos esportes olímpicos e paralímpicos, Josiane considera que o governo brasileiro ainda precisa focar na criação de uma ligação mais forte entre o esporte e a educação, com projetos nas escolas, de maneira que isso possa trazer mais oportunidades, especialmente para as crianças mais carentes.
"Infelizmente o esporte ainda não é acessível para todos. Falta acontecer uma ligação maior entre os clubes esportivos, as prefeituras e os governos estaduais", na opinião da paratleta.
O Brasil na competição
A primeira edição dos Jogos Paralímpicos ocorreu no ano de 1960, na cidade de Roma, na Itália. A entrada do Brasil na competição aconteceu mais tarde, já em 1972, na edição de Heidelberg, na Alemanha. A estreia brasileira foi acanhada, com a participação de apenas 20 paratletas (todos homens) e sem a conquista de nenhuma medalha. Quatro anos mais tarde, o país subiu ao pódio pela primeira vez na competição: Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos "Curtinho" foram os responsáveis pelo feito, ganhando medalha de prata no lawn bowls, espécie de bocha disputada na grama.
A partir da edição de 1984, os paratletas brasileiros não pararam mais de receber medalhas. Em 1996, a comissão de paratletas bateu recorde de participação feminina, com um total de 19 mulheres - na seis edições anteriores do evento, apenas 29 haviam jogado. Já em 2004, o país viu todo o investimento da Lei Agnelo/Piva surtir efeito no número de vezes em que paratletas subiram ao pódio: foram 33 medalhas conquistadas no total, sendo 14 de outro. E se esses resultados já eram positivos, a partir das Paralimpíadas de 2008 o Brasil não saiu mais da lista dos 10 melhores países na competição, com direito a mais de 20 medalhas de ouro na edição de 2012 e de quebra de expectativas com a vitória do velocista brasileiro Alan Fonteles na prova dos 200 metros da classe T44 (para amputados), sobre o sul-africano Oscar Pistorias, até então considerado o favorito na prova.
(texto publicado no Jornal do Campus nº 461 - ano 34 - 2ª quinzena de agosto de 2016)
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