sábado, 17 de maio de 2014

Proteínas artificiais podem diagnosticar Alzheimer


Pesquisadores de vários países têm se empenhado em confirmar que determinados anticorpos estão fortemente presentes no sangue de pacientes com Alzheimer. Caso essa hipótese seja comprovada, a demência pode passar a ser reconhecida por meio de anticorpos mais cedo do que de costume - e ser tratada de forma mais efetiva.

O organismo humano possui milhões de anticorpos com especificidades que permitem que cada um deles se conecte a um agente invasor (antígeno). As células imunológicas "reconhecem" a proteína estranha e agem sobre ela, tornando-a inócua. Assim que uma pessoa entra em contato com determinado antígeno, por exemplo, o HIV (da aids), o sistema imunológico se "lembra" dele e rapidamente ativa grande quantidade de anticorpos específicos para combatê-lo - o que pode ser detectado pelo teste. Para o Alzheimer, entretanto, não havia até agora um exame de sangue semelhante que detectasse anticorpos.

Os cientistas coordenados por Thomas Kodadek, do Instituto de Pesquisas Scripps, em Jupiter, na Flórida, recorreram agora a moléculas sintéticas semelhantes a peptídeos, chamadas peptoides, que foram misturadas com amostras de sangue de cinco pacientes com Alzheimer e cinco com Parkinson, assim como ao sangue de pessoas saudáveis do grupo de controle. Realmente, dois peptoides - chamados ADP-1 e ADP-2 (do inglês Alzheimer's Disease Peptoid) - depositaram-se em determinados anticorpos com uma frequência três vezes maior nas amostras de pacientes com demência, em comparação ao que ocorreu com amostras do grupo de controle ou daqueles com diagnóstico de Parkinson.

Testes realizados em seguida confirmam a descoberta Kodadek mostra-se otimista quanto ao fato de que esses dois peptoides um dia possam contribuir para o diagnóstico precoce do Alzheimer - um passo a mais para que a doença seja combatida antes que a memória comece a desaparecer.



(texto publicado na revista Mente Cérebro nº 225)


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