Uma das maiores dificuldades do ser humano é perdoar. Embora todos tenhamos essa capacidade, nem sempre conseguimos desenvolvê-la. Isso porque, muitas vezes, a rigidez de nossa educação, o orgulho, medo, a vaidade criam bloqueios e dessa forma passamos a cultivar ressentimentos, mágoas, raiva, sem nos darmos conta do mal que isso nos faz.
Sentimentos negativos podem desencadear doenças, porque bloqueiam o fluxo da energia que poderia ser direcionada para a saúde e o bem estar, ou para nossa realização pessoal.
Vários estudos realizados para descobrir as causas de doenças ligadas às emoções e ao estresse acabaram por concluir que problemas como dores de cabeça, dores musculares, fibromialgia, gastrite, úlceras, problemas cardiovasculares, hipertensão, problemas gastrointestinais, doenças alérgicas e vertigens, podem estar relacionados com a dificuldade de perdoar.
Um desses estudos, realizado na Universidade da Califórnia, indica que perdoar pode fazer bem ao coração.
Liderada pela dra. Britta Larsen, a pesquisa avaliou um grupo de 200 voluntários. Todos foram estimulados a recordar um momento no qual tivessem experimentado mágoa em relação a um amigo. Metade do grupo foi orientada a refletir sobre como tal comportamento gerou raiva. Já a outra metade foi encorajada a perdoar. Os participantes estavam conectados a monitores para controle da pressão arterial e do ritmo cardíaco.
O primeiro grupo apresentou maior percentual de alteração na pressão arterial, efeito que persistiu por longo período de tempo. Já a outra metade não apresentou alterações.
Embora se trate de um estudo limitado, os pesquisadores reconhecem o indicativo de que o perdão possa minimizar picos de hipertensão gerados pelo estresse, pela raiva, mágoa ou ressentimento.
Outra pesquisa foi realizada pela Universidade de Stanford, na Califórnia e ficou conhecida como "Projeto Perdão".
Organizado pelo psicólogo Frederic Luskin, o estudo concluiu que os sentimentos negativos desencadeados por raiva, mágoa ou ressentimento provocam não apenas problemas emocionais, mas físicos.
Depois de diversos testes com voluntários, o pesquisador chegou à conclusão de que o simples fato de estarmos rancorosos e, consequentemente, menos receptivos ao contato com outras pessoas, desencadeia um processo de estresse químico, causando uma queda do nível de imunidade no organismo.
Mas, o que é o perdão?
O perdão é um processo mental, ou espiritual, que nos liberta do ressentimento, raiva ou mágoa que temos de outra pessoa. É, acima de tudo, uma atitude inteligente, que traz paz, saúde e solução para muitos problemas e onde o maior beneficiário somos nós mesmos.
No livro Análise da Inteligência de Cristo, o psiquiatra Augusto Cury explica que Jesus, que poderia ter razões para ser rígido e julgar as pessoas, pregava o perdão, não como sinal de fraqueza, mas de grandeza e inteligência emocional.
Cristo viveu a arte do perdão em toda a sua plenitude: perdoou quando foi humilhado, rejeitado, ofendido, ferido, injustiçado e até na hora da morte, no auge da dor, pediu perdão para seus algozes.
"A maior vingança contra o inimigo é perdoá-lo. Ao perdoá-lo nos livramos dele, porque ele deixa de ser nosso inimigo. Já, o ódio e a mágoa cultivam o inimigo dentro de nós", afirma Augusto Cury.
Na verdade perdoar é uma questão de escolha.
É preferir ser feliz, saudável e livre.
Pense nisso.
(texto publicado na revista Leve & Leia)
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