Nome: Paul Lafontaine
Profissão: pedagogo
Atitude transformadora: fundou uma escola de bateria para pessoas com deficiência
Quando fez 26 anos, Paul Lafontaine estava indeciso sobre qual rumo tomaria. Apesar de ser fissurado por bateria, a carreira como músico não deslanchava. Tocava quase diariamente em barzinhos, sem muitas perspectivas. Uma nova frente de possibilidades se abriu quando começou a atuar como voluntário em entidades como o Clube Hípico de Santo Amaro, responsável por um programa de equoterapia (trabalho educativo que envolve cavalos voltado para pessoas com necessidades especiais). A experiência o inspirou a criar em 2008 a Alma de Batera, projeto para ensinar portadores de síndrome de down, autismo e outras deficiências a tocar o instrumento. "A ideia era usar a música para desenvolver a memória e a coordenação motora dos garotos", conta.
No ano passado, mais de trinta aprendizes frequentaram as atividades. Elas ocorrem em espaços cedidos por instituições como a Associação para o Desenvolvimento Integral do Down, no Campo Belo. As aulas duram cerca de uma hora e meia. A tarefa dos alunos é acompanhar na bateria faixas de bandas de rock. A emoção é visível sempre que entram em compasso. Uma vez, um pupilo, fã do Kiss, abraçou o mestre depois de conseguir tocar um dos hits da banda. "Ele me disse que eu era o melhor professor do mundo", lembra Paul. "Com isso, vi que não podia parar."
A prioridade do momento é buscar patrocinadores para montar uma sede própria e aumentar o número de instrutores. O projeto já chamou a atenção de instrumentistas profissionais. Paulinho Fonseca (Jota Quest) e André Jung (ex-Ira!) estão entre os que já participaram das aulas e ajudaram na divulgação pelas redes sociais. João Barone foi além e levou a garotada para ver a passagem de som dos Paralamas do Sucesso no Citibank Hall em 2015. "O trabalho do Paul é sensacional", elogia o baterista e parceiro de Herbert Vianna e Bi Ribeiro.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 14 de outubro de 2015)
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