quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Você é o placebo - Wallace Lima


No início de novembro de 2103 eu participei de um workshop intensivo com o neurocientista Joe Dispenza, em San Diego, na Califórnia. Durante os intervalos uma divulgação em "power point" anunciava o título do seu próximo livro que será lançado em abril de 2014:” You are the placebo", isto é, ”Você é o placebo". Como a temática do efeito placebo sempre me interessou, em função dos meus estudos e práticas sobre a cura quântica e por conhecer muitos casos marcantes desse efeito, fiquei imaginando como um mestre da neurociência iria abordar esse tema.


O efeito placebo se refere à cura provocada por algum medicamento que não possui nenhum princípio ativo capaz de curar qualquer enfermidade. Resolvi então escrever esse artigo que tem por base as minhas próprias pesquisas e evidências respaldadas por conhecimentos científicos atuais.

Um dos maiores pesquisadores nessa área é o médico da Harvard Medical School, o conceituado Dr. Herbert Benson, autor do brilhante livro Medicina Espiritual - O poder essencial da cura. Nesse livro, Benson denomina o efeito placebo de “bem estar evocado”, baseando-se no fato de que o bem estar provocado pelo efeito placebo pode ser induzido consciente ou inconscientemente, tendo como resultado prático, cientificamente comprovado, a cura de enfermidades.

Nas suas pesquisas, ele identificou medicamentos que haviam sido banidos pela própria indústria farmacêutica após comprovação de que não possuíam qualquer potencial de cura. No entanto, em alguns casos, esses medicamentos chegavam a atingir resultados positivos de cura entre 70% a 90% das pessoas que faziam uso desses medicamentos. Intrigado com esses resultados, ele buscou contatar os médicos e pacientes envolvidos nesses processos e foi quando obteve um dado fundamental para compreender os resultados obtidos. Havia uma relação de empatia entre o médico e o paciente. O paciente possuía uma profunda confiança no médico e o médico confiava na eficácia daquele medicamento. Aparentemente esse era o ingrediente principal que estava por trás de curas inexplicáveis.

Uma área da medicina moderna chamada de Psiconeuroimunologia é capaz de explicar o que acontece nessas situações. É no cérebro límbico onde processamos as emoções e onde residem as memórias do passado que podem ser acessadas pelos nossos pensamentos. Só que o cérebro límbico está conectado ao nosso sistema imunológico através da glândula timo, responsável pela produção dos linfócitos T, que são células de defesa do nosso corpo. Por outro lado, o sistema imunológico está conectado ao sistema endócrino através das glândulas suprarrenais que interfere na química do nosso corpo e que está ligada ao sistema nervoso central que é responsável pelas sinapses através das células nervosas conhecidas como neurônios. São através dos neurônios que também são liberados os neuropeptídeos, que são neurotransmissores chamados de moléculas da emoção. Os neuropeptídeos, que também são produzidos pelas células do nosso sistema imunológico, circulam pelo nosso corpo e se conectam às membranas das células nas quais milhares de receptores são capazes de atrair cada neuropeptídio específico habilitado a produzir uma dada reação química na célula que associamos às emoções. Os sinais oriundos da membrana da célula atinge o núcleo celular no qual se encontra o DNA, que respondendo a esse estímulo irá providenciar a síntese de proteínas essenciais a nossa sobrevivência e que faz parte de todos os sistemas do nosso corpo. Nessa perspectiva é a membrana celular que é responsável por acionar a estrutura do DNA, e a qualidade do que pensamos é que irá desencadear a circulação de determinado neuropeptídio que se acoplará na membrana. Por isso não somos reféns da genética.

Veja bem, um simples pensamento ao qual atribuímos um significado bom ou ruim, irá desencadear um processo que irá fortalecer ou fragilizar nosso sistema de defesa e irá estimular a circulação de neuropeptídeos que irão nos proporcionar bem estar ou mal estar a partir das emoções que serão desencadeadas.

As pesquisas mostram que só o fato de uma pessoa enferma saber que irá no outro dia ter uma consulta com um médico da sua confiança, o seu sistema imunológico já fica fortalecido, favorecendo, assim o processo de cura.

O reconhecido trabalho de Benson nos deixa com uma grande interrogação sobre o modelo biomédico baseado na ingestão de medicamentos cujo principal objetivo é o combate aos sintomas das enfermidades. Por outro lado, as pesquisas mostram que medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos, assim como drogas como heroína e cocaína, ocupam os mesmos receptores de neurotransmissores como as endorfinas e serotonina, responsáveis pelo bem estar, com a diferença que o uso contínuo dessas drogas, além de provocar dependência química, também vai destruindo os receptores, fazendo com que doses maiores precisem ser ministradas para se obter os mesmos efeitos.

Pois bem, se um medicamento sem qualquer princípio ativo é capaz de curar em até 90% dos casos, considerando que nesses casos a relação médico-paciente é altamente qualificada, então tudo nos leva a crer que essa relação de confiança é capaz de proporcionar uma poderosa ativação do sistema endócrino-imunológico que em parceria com o sistema nervoso central, capaz de ativar as conexões neuronais, cria uma eletroquímica favorável aos processos de cura. Por outro lado, há hoje inúmeras evidências sobre a eficácia da prece e da meditação nos processos de cura das doenças crônicas, entre outras.

Também sabemos que 98% das infecções de garganta são provocadas por vírus e que os antibióticos podem ser eficazes contra certas bactérias, mas nunca contra vírus. No entanto, as pessoas são comumente orientadas a tomar antibióticos quando estão com infecção na garganta e costumam se recuperar rapidamente por acreditarem na eficácia dos antibióticos e não porque efetivamente eles possam curar nesses casos. A pergunta é: quem está curando então?

A descoberta dos receptores opióides, pela cientista Candace Pert, veio motivar a pesquisa sobre os neuropeptídeos, as moléculas da emoção. Hoje já são conhecidos em torno de 60 neuropeptídeos capazes de desencadear um processo complexo no nosso corpo, no qual as curas espontâneas acontecem independentemente da ingestão de medicamentos ou quando medicamentos sem princípios ativos capazes de curar proporcionam a cura de uma dada enfermidade.

O fato é que as pesquisas nesse campo estão evoluindo mais rapidamente. Em Harvard já há um departamento de pesquisa voltado para o efeito placebo.

Na Alemanha, os médicos já são autorizados a medicar 50% de medicamentos placebo. Na Austrália, segundo o cientista John Veltheim, que participou do último Simpósio Internacional de Saúde Quântica e Qualidade de Vida, os médicos já podem utilizar 35% de placebo nas suas consultas.

Segundo Dr. Herbert Benson, as suas pesquisas apontam que a história da medicina se confunde com a história do efeito placebo. Seguindo essa linha de raciocínio apoiada pelas recentes pesquisas científicas, estamos caminhando para compreender os mecanismos da mente que são capazes de ativar uma abundante e eficaz farmácia que possuímos no nosso interior. Desse modo, será possível construir um novo modelo biomédico fundamentado na medicina mente-corpo no qual as técnicas e métodos naturais não invasivos serão o carro chefe e que o efeito placebo possa vir a ser regulamentado como política pública e privada, principalmente no que diz respeito às doenças crônicas que assolam a humanidade.

Quando isso vier a acontecer, os profissionais de saúde terão como pré-requisito básico entender de “gente”, em todas as dimensões e com profundidade. E aí o ser humano voltará a ser o centro das atenções e não os seus sintomas, como acontece no atual modelo biomédico ainda predominante no mundo contemporâneo. 

Nesse modelo impessoal, no qual os profissionais de saúde estão se transformando em técnicos de ministrar medicamentos para sintomas físicos e no qual as consultas duram cada vez menos, fica claro porque as doenças crônicas aumentam de maneira assustadora no mundo atual.

As novas descobertas científicas apontam a luz no fim do túnel. O empoderamento do ser humano, tornando-o capaz de acessar as tecnologias poderosas que possui no mundo interior é um caminho viável e eficaz. Num certo sentido, a nova ciência está nos conduzindo de volta para casa.

Bom, sou grato ao Dr. Joe Dispenza por ter me inspirado essas reflexões e ficarei no aguardo do lançamento do seu livro em abril. Estarei torcendo para que ele traga conhecimentos ainda mais reveladores para que possamos cada vez mais acessar o nosso potencial de autocura conscientemente de maneira natural.

Nenhum comentário:

Postar um comentário