domingo, 26 de agosto de 2012

Diário de vida: Por que acumulamos ?


Não é de hoje que um dos maiores problemas do mundo moderno é o acúmulo de lixo. E daí a discussão a respeito do uso dos sacos plásticos fornecidos pelos estabelecimentos comerciais que demoram séculos para se desintegrarem e a preocupação com o meio ambiente.

A cidade de Nápoles tem saído muito nos noticiários por causa do acúmulo de lixo nas ruas. Por outro lado, há a indústria do lixo. Pessoas vivem da reciclagem e apesar do risco para a saúde, é do lixo que muitos tiram o sustento. 



Mas e a quantidade de coisas que acumulamos dentro de casa ? Esse assunto me veio em mente, mais uma vez ao observar a "mania" que a minha mãe tem que guardar tudo. Até há pouco tempo tinha certeza que isso acontecia por ela ter vivido as consequências da segunda guerra mundial. E sempre impliquei com ela por guardar potes de vidro e de plástico, garrafas, sacos de papel e de plástico (que ela divide por tamanho), barbantes, fechos de metal, sem falar nas roupas e sapatos. Na verdade o que me incomoda não é tanto o acúmulo, mas a bagunça. Não é que eu seja um modelo de organização, mas não largo sapatos e roupas na cozinha e nem deixo caixas vazias de remédios, de biscoitos e de sucos encima da mesa. 

Ainda bem que com o processo de autoconhecimento que me abriu e continua abrindo os olhos, estou conseguindo "negociar" e na medida do possível  estamos vivendo pacificamente com as diferenças. 

A reflexão do dia é que o tipo de coisas que acumulamos e a parte da casa em que as colocamos mostra a nossa preocupação que, na maioria das vezes, é inconsciente.

Quando acumulamos potes, garrafas, caixas e sacos plásticos imaginando que poderemos precisar deles "um dia", é porque sentimos insegurança em relação ao futuro. É preciso entender que tal comportamento vai contra a lei da prosperidade, pois estaremos declarando ao universo que não confiamos nele. 

Se os objetos forem roupas, sapatos, bolsas e bijuterias, é porque estamos ligados a um passado que não queremos esquecer e do qual é difícil nos desapegar. Quando olhamos para uma roupa dois números menores do que a que usamos atualmente, sentimos saudades de quando éramos mais jovens, mais magros e como gostaríamos de voltar a ser como antes. Uma outra questão é quando compramos aquele vestido lindo mas com manequim menor ao nosso porque acabamos de iniciar uma dieta e temos absoluta certeza que após alguns meses conseguiremos entrar nele. 

Por exemplo, uma parte dos sapatos de minha mãe está em caixas, uma outra dentro de um cofre desativado e o resto dentro de uma fruteira que virou sapateiro. Não é preciso refletir muito para perceber que ela não está "caminhando". E isso ocorre literalmente porque há meses não consegue fazer a sua caminhada diária por causa de uma forte dor na perna esquerda. O "remédio" está sendo sessões de acupuntura e de fisioterapia, mas todos nós sabemos que a cura tem que partir dela,  não dos médicos.

Se guardamos todas as fotos, bilhetinhos, ingressos de shows, cinema e cartinhas de namorados, inclusive as dos ex, ocorre a mesma coisa que com o vestuário: estamos ligados ao passado e hoje nos sentimos desanimados e desmotivados. E a nossa energia permanece lá e não no presente que é o lugar onde deveríamos sempre estar 100% do tempo. É a tendência saudosista de dizer:  "naquele tempo as coisas  eram melhores do que hoje em dia". Frase que "mea culpa" já repeti várias vezes. E devo confessar que ainda guardo as cartinhas de meu primeiro namorado. Quando conseguir me desapegar, vou jogá-las fora porque já se passaram anos, aliás, décadas que elas foram escritas.

Uma das coisas que promovem ainda mais esse acúmulo são as promoções do tipo leve 3 e pague 2. Com produtos alimentícios geralmente isso não ocorre, mas uma vez comprei 3 pentes antiestáticos em promoção e por enquanto 2 ainda estão na embalagem. Se fossem escovas de dente já teriam sido usados com certeza. A propaganda com o método "martelamento visual e mental" nos incentiva a comprar produtos dos quais geralmente não precisamos e muito menos mais de um exemplar.

E quando viajamos para um outro país, no meu caso para a Itália, pela primeira vez? Eu acreditava que adquiria certas coisas para ilustrar melhor as aulas, mas com o advento da Internet a maioria delas não tem mais serventia mesmo. Não tenho problema em vender livros, trocar roupas e a maioria dos artigos que não servem mais, mas quando se trata da Itália ainda é muito difícil me liberar de certas coisas, mas na medida do possível tenho passado para a frente ou então jogado mesmo fora papéis que não fazem mais sentido manter. Ainda bem que não tive a ideia de trazer réplicas de monumentos italianos que iriam provocar um ônus extra pelo excesso de peso.

Geralmente o hábito de acumular está intimamente ligado com a desorganização que pode simplesmente provocar um caos em casa e em nossa mente. 

Quando deixamos livros e cadernos em desordem, é melhor nos perguntar como está o nosso relacionamento com os estudos. 

Se é o nosso guarda-roupa e as gavetas que estão na maior confusão, é porque a nossa vida social está estagnada. E se a gaveta for a de peças íntimas, como será que anda a nossa vida sexual ? Ela está sendo desenvolvida com alegria? 

Uma outra questão importante: o acúmulo de coisas significa energia parada e para que possamos nos renovar é preciso que nos livremos de tudo o que não serve mais. Principalmente dos objetos quebrados, com defeitos ou estragados. O mundo externo sem dúvida reflete o que sentimos dentro. Os acumuladores de objetos acumulam muita coisa dentro de si também.

Uma frase que o  João disse há alguns dias me fez refletir também. Quando conversávamos sobre a minha intenção de arrumar e limpar os armários da cozinha, ele me falou da tendência que temos de reservar os melhores talheres, copos e pratos para as visitas. E a mesma coisa acontece com as roupas de cama e mesa. Por que guardar por anos a fio aquela colcha maravilhosa ou então aquele jogo de talheres e não usá-los para dar prazer a nós mesmos?

Pode ser que a tal visita nunca apareça e ficaremos eternamente "Esperando Godot". Não é justo com a nossa alma, não é mesmo ?


Bom domingo a todos!


















Um comentário:

  1. ruimmmmmmmm de maaaaaaiiiiiiissssssssss/bom pra cidade!!!!!!!!!!

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