Apesar dos fatos relatados na seguinte crônica serem datados, as coisas não mudaram muito desde então, basicamente só os nomes dos envolvidos.
Não é fácil conseguir reter as informações que são cada vez mais numerosas. Estamos numa era de velocidade em que o novo se transforma em velho da noite para o dia.
Ainda, ontem, discutíamos sobre o perfil dos candidatos, sobre o segundo turno. Agora, sobre escuta telefônica, contas em paraísos fiscais do Caribe, queda de bolsas e quebra de bancos, quem são os envolvidos nas falcatruas, a nova loira do Tchan, se o Leonardo vai continuar a carreira sem o Leandro. A dança é a da garrafa ou da vassoura? O astronauta e senador John Glenn voltou do espaço? O Marcelinho vai engolir o Luxemburgo? Romário é o pai? Ronaldinho, o que houve? E o corte no orçamento (da União, porque do nosso não tem mais que cortar) e, da saúde, vão tirar verba também? Pobre do pobre doente! Talvez, tenha aumento de impostos. Como resolver a crise sem aumentá-los? E o processo contra o programa do Ratinho? E o que acontecerá com o rottweiler e o pitbull que mataram a doméstica? Será que a culpa não foi dela que correu? Tem gente distribuindo dinheiro, onde? Não se dê por surpreso se, ao abrir a partir da sua casa, encontrar um pacote de grana. Existe uma ameaça de não se pagar o décimo terceiro. Tudo por conta da crise, na qual já somos expert.
O curso de inglês, a aula da academia, a aula de informática, o novo software, nova versão do "Windows", navegar em tudo pela Internet.
Com quem, meu Deus? Edir Macedo, padre Marcelo Rossi ou Paulo Coelho?
Embora se queira aumentar a capacidade de memória do cérebro, há um limite. E, além do mais, não há disponibilidade de tempo para que se leia e se assista a tudo quanto é informação. Portanto, fique tranquilo e sem consciência pesada, relaxe. Ninguém consegue saber de tudo.
Se você se conscientizou de que a aflição pela armazenagem de todas as informações é inútil e de que muitas das informações não têm benefício algum, talvez, seja a hora de refletir sobre algumas mudanças no comportamento.
Se concordar, aproveite que já não lhe pesa a consciência por "desperdiçar" seu tempo, dê uma chegada ao quarto da sua filha e pergunte pelo nome das bonecas dela. Se você estiver despojado, mesmo, da obrigatoriedade, sente-se no tapete (sem o relógio no pulso) e pergunte qual das suas pequenas bonecas mais apronta. E, se dispuser de mais tempo, ainda, olhe bem nos seus olhos e, acariciando suas mãos, pergunte-lhe por qual daquelas ela tem um carinho bem especial, como o que você tem para com ela.
(texto publicado no livro Acredite se quiser de Laé de Souza)
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