quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Leucemia linfocítica crônica ocorre mais a partir dos 60 anos de idade - Dr. Jacques Tabacof


Muitos pacientes ficam apreensivos e alguns até se apavoram ao saber do diagnóstico, mas não existe motivo para tanto. Esse tipo de leucemia não é agressivo e, em muitos casos, a pessoa irá precisar somente de acompanhamento médico durante um longo período. A boa notícia é que a Anvisa acaba de aprovar uma droga bastante eficaz para aqueles que precisam de tratamento.

Leucemia é o câncer dos glóbulos brancos, chamados leucócitos, que são as células produzidas na medula óssea para defender o organismo. Há vários tipos de leucócito, portanto diferentes tipos da doença.

A leucemia linfocítica crônica (LLC) é a mais comum e corresponde a cerca de 40% de todos os tipos da doença. Ela se manifesta sobretudo em pessoas de 60 a 65 anos e é mais frequente no homem. Muito rara no jovem com menos de 30 anos, não ocorre em criança. É ainda mais comum no mundo ocidental e rara no oriental.

A leucemia linfocítica é a proliferação descontrolada dos linfócitos. Há dois tipos da doença: a aguda e a crônica. A leucemia linfocítica aguda (LLA) caracteriza-se pela produção de células agressivas que se espalham rápido pelo corpo. Ocorre mais em jovens e é tratada com quimioterapia.

Já a leucemia linfocítica crônica se caracteriza pelo acúmulo em geral bastante lento e progressivo de linfócitos maduros na corrente sanguínea. Normalmente a pessoa descobre que esetá com LLC ao fazer um check-up de rotina. O hemograma, ao invés dos 2 000 linfócitos normais no organismo, acusa 10 000 e, em muitos casos, pode passar de 20 000 linfócitos por mm

Ao longo dos anos, o acúmulo na medula óssea e no sangue desses linfócitos "anormais", ou seja, células doentes que não conseguem combater as infecções, pode causar inchaço e inflamação nos gânglios linfáticos localizados no pescoço, atrás da orelha, axilas, tórax, abdome e virilhas. Só nos casos muito avançados da doença, o paciente terá febre, sudorese, anemia e cansaço. Isso porque a produção descontrolada de linfócitos acaba prejudicando a fabricação de glóbulos vermelhos e plaquetas pela medula óssea.

Muito importante, portanto, sempre que o hemograma indicar aumento de linfócitos, procurar um hematologista que, por meio do exame imunofenotipagem, irá identificar o tipo exato da céula e, se constatado de fato o câncer, indicar o tratamento mais adequado.

Diagnosticada a LLC, a maioria dos pacientes irá necessitar só de acompanhamento médico, sem a utilização de medicamentos. Isso porque o acúmulo de lincócitos costuma ser lento e não causar muito impacto na vida de uma pessoa mais idosa. O acompanhamento da evolução do crescimento de lincócitos, porém, deve ser rigoroso. Isso significa que o paciente precisa ir ao hematologista a cada quadrimestre.

Já quando a pessoa está numa fase mais adiantada da LLC, com anemia e/ou gânglios muito aumentados, é necessário recorrer a algum tipo de tratamento. Há atualmente remédios muito eficazes para o combate da LLC e o hematologista irá decidir pelo melhor método, considerando a faixa etária e a saúde geral do paciente.

Para pessoas mais idosas e com outros problemas de saúde, a melhor opção é a droga obinutuzumabe, anticorpo que ataca as células cancerosas. O medicamento acaba de ser liberado no Brasil pela Anvisa e é utilizado em associação com a quimioterapia oral clorambucil. Ainda não está disponível no SUS, mas é possível conseguir por intermédio dos convênios médicos e em alguns hospitais.

Já em pacientes com 60 anos ou menos ou com boa saúde, o mais indicado é uma combinação de drogas mais potentes, como fludarabina e ciclofosfamida com rituxinabe. Mas há o risco de provocar efeitos colaterais.



(texto publicado na revista Caras edição 1142 - ano 22 - nº 39 - 25 de setembro de 2015)

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